Lula adverte para risco de nova guerra se ordem global não mudar

A modernização das instituições internacionais, inseridas na lógica de um mundo multipolar, é principal para evitar o risco de uma novidade guerra mundial ou de uma crise econômica de graduação planetária, advertiu nesta segunda-feira (18) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele abriu a segunda sessão da Cúpula de Líderes do G20, que discute a reforma da governança global.

 

“A resposta para a crise do multilateralismo é mais multilateralismo. Não é preciso esperar uma novidade guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita”, discursou o presidente no encontro, que começou com mais de duas horas de detença posteriormente a lentidão na realização da foto solene dos líderes da reunião de cúpula.

Dizendo que a ordem vigente desde o término da Segunda Guerra Mundial e o neoliberalismo não deram perceptível, Lula defendeu a reforma das instituições internacionais que amplie o peso dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. A reforma da governança internacional é um dos eixos da presidência do Brasil no G20 (grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana).

“A globalização neoliberal fracassou. Em meio a crescentes turbulências, a comunidade internacional parece resignada a velejar sem rumo em disputas hegemônicas. Permanecemos à deriva, arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia. Mas o confronto não é uma fatalidade. Negar isso é terebrar mão da nossa responsabilidade”, acrescentou Lula.

Para Lula, o G20 tem poder para reformar a ordem internacional na medida em que o grupo reúne tanto países ricos porquê em desenvolvimento.

“Em torno desta mesa estão os líderes das maiores economias e blocos regionais do planeta. Não há ninguém em melhor posição do que nós para mudar o curso da humanidade. Leste ano, a reforma da governança global entrou em definitivo na agenda do G20”, comentou.

Uma das pautas da revisão da governança global é a reforma do Juízo de Segurança das Nações Unidas (ONU). Em seu exposição, Lula criticou o poder de veto dos cinco membros permanentes do Juízo de Segurança: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Uno. Segundo o presidente brasílico, esse sistema resulta na preterição do poder internacional diante de guerras e conflitos.

“A preterição do Juízo de Segurança tem sido ela própria uma prenúncio à silêncio e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes. Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia a Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor”, declarou Lula, numa sátira indireta a Estados Unidos, Israel e Rússia.

O presidente acrescentou que sanções unilaterais produzem sofrimento e atingem os mais vulneráveis. Lula mencionou conflitos esquecidos em países pobres e criticou intervenções estrangeiras que não conseguiram resolver guerras. “Intervenções desastrosas subverteram a ordem no Afeganistão e na Líbia. A indiferença relegou o Sudão e o Haiti ao esquecimento. Sanções unilaterais produzem sofrimento e atingem os mais vulneráveis”, comentou.

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