SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O líder supremo do Talibã, Haibatullah Akhundzada, fez uma rara aparição pública neste sábado (30), afastando rumores de que estaria morto. Até então, Akhundzada não havia sido visto em público nem mesmo depois de o grupo extremista retomar o controle do Afeganistão, em 15 de agosto, o que alimentou especulações a respeito da morte do “Amir-ul Monimeen” ou “comandante dos fiéis”.
Akhundzada visitou a escola religiosa Jamia Darul Aloom Hakimia, na cidade de Candar, a segunda maior do país, de acordo com informações de um líder da facção islâmica à agência de notícias Reuters.
A agência AFP também confirmou a aparição do líder talibã, por meio de uma mensagem do grupo, segundo a qual Akhundzada falou durante dez minutos “a uma grande congregação”. Em um áudio que acompanhou o texto, é possível escutá-lo recitando orações e bênçãos.
O líder supremo do Afeganistão é uma figura reclusa e associada a tudo o que tornou o Talibã sinônimo de repressão ultrarreligiosa. Após a retirada dos EUA do Afeganistão e a implantação de um governo interino, Akhundzada seguiu no posto de autoridade religiosa, política e militar máxima do grupo, posição que mantém desde 2016, depois da morte do mulá Akhtar Mansour em um ataque dos EUA com drones.
Conhecido por posições extremas na aplicação da sharia, a lei islâmica, ele ocupou o cargo de chefe de todas as cortes islâmicas ligadas ao Talibã e virou assessor pessoal do mulá Omar depois de a facção ser expulsa do poder pelos americanos em 2001, na esteira dos desdobramentos do 11 de Setembro.
Assim, Akhundzada ganhou fama por meio das fatwas, sentenças religiosas duras para impor disciplina ao grupo durante sua desagregação inicial após a queda. Quando Omar morreu de tuberculose em 2013, o fundador do Talibã foi sucedido por Mansur, que manteve Akhundzada na mesma posição.
Ainda que autoridades talibãs afirmem que o líder supremo já tinha aparecido publicamente antes, sem que houvesse divulgação das saídas, essa é a primeira vez que uma aparição pública dele é confirmada.
Pouco se sabe das ações de Akhundzada, de quem só há uma foto conhecida. O líder tem um número incerto de filhos, e um deles teria se matado num atentado suicida com a bênção do pai em 2017.
A aparição pública neste fim de semana é a primeira registrada em todo o seu tempo à frente do grupo.
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