SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, fez fortes críticas, nesta terça-feira (18), à fala polêmica do presidente da Conmebol sobre a Libertadores sem a participação de times brasileiros. Ela disse que nem a utilização de IA (Inteligência Artificial) seria capaz de produzir uma declaração “tão desastrosa” quanto a de Alejandro Domínguez.

 

“Quando vi a declaração do presidente Alejandro Domínguez, confesso que custei a acreditar que ela fosse verdadeira. Achei até que pudesse ser um vídeo manipulado por Inteligência Artificial. Aliás, pensando bem, acho que nem mesmo a Inteligência Artificial seria capaz de produzir uma declaração tão desastrosa quanto esta”, disse.

“Não é possível que, mesmo após o caso de racismo do qual os atletas do Palmeiras foram vítimas no Paraguai, o presidente da Conmebol faça uma comparação abominável como a que ele fez. Parece até uma provocação ao Palmeiras e aos demais clubes brasileiros.”

O QUE MAIS LEILA DISSE

Conmebol não sabe o que é racismo: “A declaração do presidente Alejandro demonstra, mais uma vez, a dificuldade da Conmebol em compreender o que é racismo. Se as pessoas que comandam o futebol sul-americano nem sequer sabem o que é racismo, como serão capazes de combatê-lo?”

Punição a racistas: “O Palmeiras, juntamente com a Libra e a LFU, enviou uma carta à Fifa pedindo providências e apontando a necessidade de penas mais rigorosas em episódios de racismo no futebol. Seguiremos fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para combater este crime, mas precisamos da ajuda de todos! Os clubes brasileiros são responsáveis pela grande maioria das receitas geradas pela Conmebol e, juntos, têm de se impor para cobrar a aplicação de penas exemplares em casos de racismo. Repito: a impunidade é a semente do próximo crime.”

DECLARAÇÃO POLÊMICA

Alejandro deu a declaração logo após o sorteio dos grupos da Libertadores, que ocorreu na noite desta segunda-feira (17) em Assunção, no Paraguai. Ele fez um longo discurso no evento sobre racismo após o caso envolvendo o garoto Luighi, do Palmeiras.

A frase caiu como uma bomba entre os clubes brasileiros. Os dirigentes receberam a entrevista de Alejandro Domínguez na manhã desta terça-feira e até pensaram que poderia ser um vídeo gerado por inteligência artificial por causa da gravidade da aspa.

O UOL confirmou que a entrevista de Alejandro Domínguez é verídica.

O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, pediu desculpas após a declaração ter viralizado.

Em relação a minhas recentes declarações, quero expressar minhas desculpas. A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém. A Conmebol Libertadores é impensável sem a participação de clubes dos dez países membros. Sempre promovi respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a Conmebol Reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando por um futebol mais justo, unido e livre de descriminação.Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol

Leila Pereira até boicotou sorteio da Libertadores em protesto contra a punição branda da entidade ao Cerro Porteño pelo caso de racismo contra Luighi. O clube paraguaio foi multado em US$ 50 mil e determinou que a equipe jogasse a Libertadores sub-20 com portões fechados.

Alejandro Domínguez disse em um dos discursos da noite desta segunda-feira (17) que tentará promover uma ação conjunta com órgãos governamentais e associados. Para o dirigente, isso ajudará no combate contra os episódios de violência.