SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, disse que o país está “pronto para mobilizar” sua dissuasão nuclear diante de possíveis confrontos militares com EUA e Coreia do Sul, divulgou a mídia norte-coreana nesta quinta (28). O autocrata também criticou o novo presidente do país vizinho pela primeira vez.
“A dissuasão nuclear do nosso país está pronta para mobilizar seu poder absoluto de forma confiável, precisa e rápida, de acordo com a sua missão”, disse Kim em um discurso nesta quarta-feira (27), segundo a agência estatal Korean Central News Agency, a KCNA, de Pyongyang.
As Forças Armadas estão “totalmente preparadas” para enfrentar “qualquer confronto militar com os EUA”, acrescentou ele, ao discursar a veteranos da Guerra da Coreia (1950-1953), em razão do 69º aniversário do armistício entre os dois países, o que ainda mantém as Coreias, ao menos tecnicamente, em guerra.
O enfrentamento com os Estados Unidos, disse Kim, representa ameaças nucleares desde o conflito na década de 1950 e exige que o Norte realize uma “tarefa histórica urgente” para reforçar sua autodefesa.
Em junho, EUA e Coreia do Sul ameaçaram impor mais sanções e até rever a postura militar americana caso a Coreia do Norte realizasse um novo teste nuclear. Nesta semana, os EUA conduziram na Coreia do Sul exercícios de fogo real com helicópteros Apache pela primeira vez desde 2019. Do outro lado, Seul e Washington afirmam que Pyongyang concluiu as preparações para o primeiro teste nuclear desde 2017.
No discurso, Kim também criticou o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, que assumiu em maio e prometeu ser mais duro com o vizinho. “Falar sobre ações militares contra nossa nação, que possui as armas absolutas que eles mais temem, é absurdo e uma ação autodestrutiva muito perigosa”, enfatizou.
“Uma tentativa tão perigosa seria imediatamente punida por nossa poderosa força, e o governo de Yoon Suk Yeol e seu Exército seriam aniquilados”, ameaçou o líder norte-coreano.
Kim também afirmou que “belicistas” e “bandidos nojentos” no governo de Yoon estão empenhados em atividades militares de confronto, destacando o desenvolvimento de armas de Seul e o esforço para trazer de volta os ativos estratégicos nucleares dos EUA. A “política hedionda de confronto” em relação ao Norte e os “atos bajuladores e traiçoeiros” estão levando a situação à beira de uma guerra, disse ele.
O gabinete de Yoon expressou “profundo pesar” diante das falas “ameaçadoras”, dizendo que a Coreia do Sul é capaz de responder “forte e efetivamente” às provocações. “Mais uma vez pedimos à Coreia do Norte que siga o caminho do diálogo para alcançar a desnuclearização e a paz”, disse a porta-voz Kang In-sun.
“A retórica de Kim exagera as ameaças externas para justificar seu regime focado em gastos militares em uma economia em dificuldades”, afirmou Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul. “Os programas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte violam a lei internacional, mas Kim está tentando apresentar seu armamento desestabilizador como um esforço justo de autodefesa”, disse o especialista.
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