MAUREN LUC
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Soda cáustica, água oxigenada e citrato de sódio. Esses foram os compostos encontrados em leite vendido no oeste de Santa Catarina, na região de Chapecó. O esquema, alvo de uma operação em 2014, resultou no mês passado na condenação de 17 pessoas.
Elas chegaram a ser presas à época, mas hoje recorrem em liberdade da decisão, da qual cabe recurso.
O grupo foi denunciado pelo Ministério Público por adulterar leite cru. Para mantê-lo conservado por mais tempo e disfarçar o gosto ruim, eram utilizados produtos químicos como peróxido de hidrogênio (água oxigenada), citrato de sódio e hidróxido de sódio (soda cáustica).
O balanço da operação foi divulgado nesta segunda-feira (5) pelo TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina). A sentença da 1ª Vara Criminal da comarca de Chapecó, do dia 18 do mês passado, determina ainda multa aos condenados, que não tiveram seus nomes revelados.
“Entre eles estão proprietários de laticínios, donos de transportadora, fornecedor de produtos químicos e colaboradores dessas empresas e de cooperativas”, afirmou o tribunal.
Somente um dos condenados, destaca o TJSC, praticou 29 vezes o crime de vender produtos nocivos à saúde.
Somadas, as penas chegam a 145 anos de prisão, e as multas, a R$ 240 mil.
Apenas dois dos envolvidos receberam penas alternativas, como pagamento de salário mínimo e prestação de serviço comunitário.
No processo, o juiz Jeferson Osvaldo Vieira relata que foi comprovado que houve falsidade ideológica por adulteração de documentos e adulteração e venda de mercadorias em condições impróprias para consumo.
“Respondem ao processo representantes de quatro laticínios, duas cooperativas, uma transportadora e uma empresa comercializadora de produtos químicos”, traz o texto da sentença.
Durante as investigações a polícia confirmou a presença dos produtos químicos no leite avaliado, especialmente os que eram levados para outro estado, justamente para elevar o tempo de conservação do produto e sua estocagem na indústria.
“Quando por algum motivo o leite in natura não era recebido (porque percebiam a fraude ou o leite chegava fora dos padrões), esse mesmo leite, em vez de ser descartado, era direcionado para a fabricação de queijo nos laticínios, evitando perdas e garantindo o aumento dos lucros”, diz a sentença.
EFEITOS NO ORGANISMO
No organismo, as substâncias podem causar intensa irritação e, em alta concentração, até corrosão de mucosas oral, esofágica e estomacal, como explica a médica Alana Ohashi. “Também ocorre dor nestas regiões, especialmente no estômago, assim como náuseas e vômitos.”
A infectologista Viviane de Macedo, do Eco Medical Center reforça que a ingestão em grande quantidade pode contribuir para a formação de radicais livres, que em excesso podem gerar o chamado ‘estresse oxidativo’.
Ele pode levar à piora do processo do envelhecimento, ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e de complicações em indivíduos diabéticos, além de alteração no sistema imunológico.
Notícias ao Minuto Brasil – Brasil