O presidente do Banco Médio, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda, 21, que medidas para lastrar as contas públicas são importantes para a política monetária, uma vez que a falta de crédito na política fiscal dificulta o processo de convergência da inflação para a meta. Para que possa possuir juros mais baixos, afirmou ele, é preciso um choque fiscal positivo.
“Isso é muito importante para nós, no BC, para sermos capazes de diminuir os juros de forma sustentável. Porque, no término, nossa missão é atingir a meta de inflação, e é muito difícil fazer isso quando existe uma percepção de que o fiscal está desancorado”, afirmou ele, em evento em São Paulo.
O presidente do BC repetiu que, no mercado, parece possuir alguma suspicácia sobre a capacidade de o novo busto fiscal entregar as metas propostas. Campos Neto citou a sinalização, dada pelo Ministério da Rancho, de medidas de namoro de gastos depois as eleições, o que, segundo ele, seria positivo para o BC. Ele também voltou a expor que, sempre que foi verosímil conviver com juros menores de forma sustentável no País, isso ocorreu por pretexto de um choque fiscal positivo.
Autonomia
Com procuração só até dezembro, Campos Neto defendeu também que a autonomia financeira do BC. “Você precisa ter autonomia operacional, você precisa ter autonomia administrativa e você precisa ter autonomia financeira”, disse ele, citando notas do avô, Roberto Campos. “E ele tinha uma nota inferior disso, dizendo que o risco de não ter uma é terminar com nenhuma.”
O projeto de autonomia financeira do BC tramita hoje no Congresso, mas há a oposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante do impasse, o relator do texto, senador Plínio Valério (PSDB-AM), já disse que a votação só deve suceder no próximo ano.
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