Esta terça-feira começa em Minneapolis, nos Estados Unidos, o julgamento de Derek Chauvin, o ex-polícia acusado do homicídio em segundo grau de George Floyd.
Chauvin foi o policial que colocou o joelho sobre o pescoço de Floyd e pressionou-o durante oito minutos e 46 segundos, deixando Floyd inconsciente.
Este promete ser um dos julgamentos mais importantes na história norte-americana, devido às repercussões sociais que o seu desfecho terá.
Milhares de elementos das forças de segurança, incluindo dois mil da Guarda Nacional, estarão de prevenção para a possibilidade de protestos, embora as autoridades se tenham comprometido a permitir manifestações pacíficas. E já foram colocadas barreiras de concreto, vedações e arame farpado em torno dos edifícios governamentais nas baixas das “cidades gêmeas” de Minneapolis e Saint Paul.
A escolha dos 12 jurados, que começa hoje, marca o começo do julgamento. Para se ter uma noção da complexidade deste julgamento, a escolha minuciosa dos jurados por parte das equipes de acusação e de defesa vai prolongar-se durante três semanas.
“Não querem jurados que sejam tábuas rasas, porque isso significa que não estão em sintonia com o mundo. O que querem são jurados que conseguem colocar de lado as opiniões que formaram antes de entrarem na sala do tribunal e que sejam justos com ambos os lados durante o julgamento”, explicou à Associated Press Susan Gaertner, uma antiga procuradora.
Os argumentos iniciais no julgamento de Derek Chauvin só serão ouvidos no dia 29 deste mês. Mas além de Chauvin, outros três ex-polícias também vão ser julgados por cumplicidade no homicídio. No entanto, o julgamento destes três ex-agentes está agendado para agosto.
Para as comunidades negras de Minneapolis e Saint Paul paira o receio de que não se volte a fazer justiça. “Sinto um certo medo de que não vamos ver o que queremos ver. E vamos estar nas ruas, como estivemos durante todo o verão”, disse a ativista Zarieah Graves em declarações ao The Guardian.
Se os agentes forem absolvidos, ou condenados com uma sentença leve “vamos ficar chateados”, acrescentou Graves. As estatísticas no Minnesota também não geram confiança na justiça.
Segundo uma base de dados compilada pelo Minneapolis Star Tribune, nos últimos 20 anos mais de 200 pessoas morreram após incidentes com a polícia no estado do Minnesota, sendo que 26% das vítimas eram negras, e no único caso em que um polícia foi condenado de homicídio, a vítima era branca.
A morte de George Floyd, em maio do ano passado, gerou uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial cujo epicentro foi Minneapolis, mas que depressa se espalhou pelos Estados Unidos. O movimento Black Lives Matter ganhou uma dimensão ainda maior do que a que já tinha, até no plano global, uma vez que os protestos chegaram a diversos países do mundo.
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