Problemas relacionados ao transporte e ao abrigo de moradores de rua não serão solucionados a tempo do Jogos Olímpicos de Paris-2024, conforme previsto pela prefeita parisiense Anne Hidalgo. As declarações foram dadas durante participação da líder política do Partido Socialista no programa televisivo Le Quotidien, do canal TMC.
“Ainda estamos com dificuldades no transporte diário e não conseguimos acompanhar o nível de pontualidade, de conforto, para os parisienses. Teremos lugares onde o transporte não estará pronto porque não teremos trens o suficiente, nem a frequência suficiente”, afirmou Hidalgo. A organização das questões de locomoção para os Jogos de Paris está nas mãos de Valerie Precresse, que pertence ao partido de direita Librés e lidera o Conselho Regional da Ilha da França.
Precresse rebateu a afirmação em sua conta do X, o antigo Twitter, ao compartilhar uma matéria do jornal Le Parisien com as afirmações de Hidalgo. “Estaremos prontos. Agradeço a todos os seus agentes pela mobilização durante meses para estar à altura da tarefa! É um imenso trabalho coletivo que não deve ser maculado por uma prefeita ausente”, escreveu.
Em outubro deste ano, o Ministro do Transporte, Clément Beaune, admitiu que a questão havia se tornado um desafio, principalmente porque o governo francês assumiu o “compromisso de que 100% do acesso aos locais de competição poderia ser feito por meio de transportes públicos”.
ABRIGO PARA MORADORES DE RUA
Durante a entrevista ao Quotidien, Hidalgo apontou a situação dos moradores de rua como um problema ao nível do transporte. “Não quero retirá-los e escondê-los (durante os Jogos). Deveria haver um legado social”, disse. “Queremos instalar habitações onde possam estar já neste inverno e estamos lidando com isso junto às autoridades regionais e ao estado, e todos concordamos que temos de avançar, mas não estamos prontos”, completou.
Em março deste ano, de acordo com a imprensa francesa, o governo passou a orientar autoridades de diferentes cidades que criassem “instalações de alojamento regionais temporários” para lidar com o fluxo de moradores de rua saindo da capital. Em uma sessão no Parlamento, em maio, o Ministro da Habitação, Oliver Klein, justificou a movimentação dizendo haveria uma “crise de abrigos” por causa da Copa do Mundo de Rúgbi, realizada em setembro deste ano, e da Olimpíada, que será realizada entre julho e agosto do ano que vem.
Hotéis de menos prestígio, que costumam ser ceder seus espaços às autoridades para funcionamento como abrigo temporário, planejam alugar seus quartos para turistas durante os Jogos Olímpicos. Por isso, existe o receio de que faltem locais para abrigar moradores de rua. De acordo com Klein, a capacidade de acomodação para essas pessoas cairia em cerca de 4 mil.
Depois de fazer as ligações aos Jogos Olímpicos, contudo, o ministro negou que a orientação dada às cidades tenha sido motivada pelo evento. O assunto gerou polêmica e, ainda em maio, Anne Hildago se manifestou. “Não há absolutamente nenhuma questão de expulsar alguém de Paris. Nenhuma mesmo. Ninguém será forçado a partir, ninguém será obrigado a ir para o outro lado da França”, disse.