SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mais um conselheiro da Guarda Revolucionária do Irã foi morto nesta sexta-feira (2) em ataque com mísseis atribuído a Israel que atingiu Damasco, a capital da Síria. Mais cedo, agências de notícias sírias haviam relatado que militares do país interceptaram uma série de artefatos disparados pelas forças de Tel Aviv, num indicativo de que as ofensivas israelenses contra alvos no vizinho estão aumentando.
A imprensa iraniana identificou o homem morto como Saeid Alidadi. Ele estava abrigado no sul de Damasco e foi surpreendido pelo ataque com mísseis. Questionados sobre a ofensiva, os militares israelenses disseram que não comentariam relatos feitos por veículos de notícias estrangeiros.
A Guarda Revolucionária do Irã tem sofrido um de seus períodos mais violentos na Síria desde que a organização aumentou o contingente no país há uma década para ajudar o ditador Bashar al-Assad em conflitos contra forças rebeldes. Desde dezembro, vários ataques atribuídos a Israel mataram mais de meia dúzia de militares iranianos, entre eles um dos principais generais do setor de inteligência.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, fez um discurso inflamado a uma multidão nesta sexta e voltou a dizer que Teerã não começaria uma guerra ampla na região, mas que “responderia fortemente” a qualquer um que tentasse intimidar a população do país. As declarações ocorreram após dias de especulação sobre como Washington poderia retaliar as forças iranianas após a morte de três soldados americanos na Jordânia, em ataque que teria sido coordenado por grupos apoiados pela república islâmica.
O presidente Joe Biden disse na terça (30) que já havia decidido qual seria a resposta ao incidente na Jordânia e que não buscava uma guerra mais ampla no Oriente Médio. Em comunicado, porém, a Casa Branca informou, sem entrar em detalhes, que a represália provavelmente envolverá “múltiplas ações”.
Teerã, por sua vez, promete responder a “qualquer ameaça” feita contra o país por Washington. Após a série de ataques na Síria, a Guarda Revolucionária iraniana começou a retirar parte dos oficiais que mantém em Damasco, segundo a agência de notícias Reuters. A movimentação, segundo analistas americanos, sugere que Teerã está reorganizando o posicionamento de tropas.
Em paralelo, a Harakat Hezbollah al-Nujaba, organização apoiada por Teerã considerada responsável por vários ataques contra bases e postos militares americanos no Iraque desde o início da guerra Israel-Hamas, em 7 de outubro, disse nesta sexta que não suspenderia as ofensivas até o término do conflito na Faixa de Gaza.
Desde que a guerra civil da Síria começou, em 2011, Israel lançou centenas de ataques aéreos contra o território do país, tendo como alvo forças alinhadas ao regime iraniano, seu rival regional, mas também posições do Exército de Damasco. O Irã e os seus aliados militares na Síria se entrincheiraram em vastas áreas do leste, sul e norte do país e em vários subúrbios ao redor da capital.
As ofensivas israelenses na região se intensificaram após o início do conflito contra o Hamas. Em dezembro, um ataque aéreo das forças de Tel Aviv matou dois membros da Guarda Revolucionária, e outra ofensiva, perto de Damasco, matou um conselheiro sênior da força que supervisionava a coordenação militar entre a Síria e o Irã.