SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Forças de Israel invadiram um campo de refugiados na cidade de Jenin, na Cisjordânia, nesta terça-feira (7), e mataram ao menos seis palestinos. A operação militar é mais um capítulo da crescente violência na região –desde o início do ano, mais de 70 palestinos e pelo menos 13 israelenses foram mortos em confrontos e ataques.
Testemunhas relataram que os embates começaram após moradores virem soldados israelenses saindo de um caminhão em uma colina e abrirem fogo. Durante a troca de tiros, um dos combatentes se escondeu em uma casa, que foi atingida por mísseis disparados pelos soldados, segundo comunicado dos militares. Quatro membros das forças israelenses ficaram feridos.
Nabil Abu Rudeina, porta-voz da presidência da Autoridade Palestina, disse que o uso de mísseis dentro de uma área urbana era um gesto de “guerra total”, segundo a agência palestina Wafa. Ele acusou o governo israelense de provocar uma “perigosa escalada que ameaça incendiar a situação e destruir todos os esforços para restaurar a estabilidade”.
Os mortos eram membros do Hamas, do Jihad Islâmica e do Fatah, segundo declarações dos grupos. Já Israel identificou um dos atiradores como Abdel-Fattah Kharusha, membro do Hamas que atirou em dois israelenses que estavam na vila palestina de Huwara, norte da Cisjordânia ocupada, no final de fevereiro.
O comunicado dos militares diz ainda que seus dois filhos, “suspeitos de ajudar e planejar o ataque terrorista”, foram presos em outra operação na cidade de Nablus. As mortes dos dois irmãos israelenses desencadearam um ataque de vingança por colonos judeus que matou um homem palestino e incendiou cerca de 30 casas e mais de 100 carros na semana passada (27).
O Ministério da Saúde palestino anunciou que nesta terça seis palestinos faleceram “pelas mãos da ocupação em Jenin” –cinco homens com idades entre 22 e 29 anos e um sexto de 49 anos. Segundo o jornal Times of Israel, 12 palestinos ficaram feridos, três deles em estado grave.
“Chamamos todos os combatentes do nosso povo para escalar a resistência armada contra a ocupação e lutar contra eles em todos os lugares”, afirmou o Hamas em um comunicado. O grupo controla a Faixa de Gaza, mas também tem combatentes na Cisjordânia. Após o ataque, a polícia israelense foi colocada em estado de alerta em Jerusalém e nos arredores da cidade para eventuais atos de grupos palestinos.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, indicou em um comunicado que o Exército havia “eliminado o abominável terrorista” Kharusha. Em dezembro, o israelense voltou ao poder na maior guinada à direita da história do país, com uma aliança que conta com partidos ultranacionalistas e membros de extrema direita e sob a promessa de expandir colônias judaicas na Cisjordânia ocupada.
O ataque do final de fevereiro em Huwara aconteceu um dia depois de Israel e Palestina se comprometerem a “evitar novos atos de violência”, após uma reunião na vizinha Jordânia às vésperas do início do mês sagrado muçulmano do Ramadã e do festival judaico da Páscoa. O porta-voz da diplomacia jordaniana, Sinan Majali, condenou nesta terça o que chamou de “agressão” israelense e alertou que “provocará mais deterioração” e “prorrogará os ciclos de violência”.
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