SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Exército de Israel reconheceu nesta terça-feira (13) que bombardeou um hospital na Faixa de Gaza, sob a justificativa de que o local era usado pelo Hamas para “atividades terroristas”. Um jornalista internado desde abril morreu, segundo o grupo terrorista palestino.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, disse que outra pessoa também morreu e várias ficaram feridas durante a ofensiva em Khan Yunis, no sul do território.
“O Exército israelense bombardeou o serviço de cirurgia do hospital Naser e matou o jornalista Hasan Aslih, que trabalhava para várias organizações locais e árabes, além de várias agências”, disse o porta-voz da Defesa Civil em Gaza, Mahmud Bassal. O profissional da mídia, segundo ele, era diretor do Alam24 e estava internado ao se ferir em bombardeio que atingiu uma tenda usada por repórteres.
A ação militar israelense ocorreu após uma pausa nos bombardeios na segunda (12), dia em que o Hamas libertou Edan Alexander, último refém com cidadania americana mantido em Gaza desde outubro de 2023.
Imagens da AFP mostram fumaça saindo do centro médico Naser, enquanto equipes de resgate vasculhavam os escombros durante a noite. “Os ataques não distinguem civis e combatentes”, disse Abu Ghaly, funcionário da unidade de saúde. “Este é um hospital civil que recebe feridos continuamente, 24 horas por dia.”
Israel confirmou que o ataque de abril teve como alvo Aslih, acusado de ser um agente do Hamas que se passava por jornalista. As autoridades dizem que ele teria se infiltrado no território israelense e “participado do massacre assassino” de 7 de outubro de 2023. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas condenou a ação militar.
Um levantamento divulgado na segunda-feira (13) pela Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC) apontou que cerca de meio milhão de pessoas enfrentam fome em Gaza. O grupo alertou que o risco de agravamento é alto até o fim de setembro e pode atingir a maior parte da população de 2,1 milhões de pessoas.
O relatório do IPC afirmou que os planos israelenses para operações militares em larga escala em Gaza, mais a “persistente incapacidade” das agências humanitárias de entregar bens e serviços essenciais, significavam que havia um “alto risco” de fome no período projetado de 11 de maio a 30 de setembro.
O presidente israelense, Isaac Herzog, pediu na segunda à comunidade internacional que ajudasse com um novo plano para distribuir ajuda diretamente à população de Gaza e excluir o Hamas do processo.
Israel isolou a Faixa de Gaza desde o início de março, quando retomou sua campanha militar contra o Hamas após o colapso de um acordo de cessar-fogo, período em que milhares de caminhões de ajuda humanitária entraram no território.
O porta-voz do governo israelense, David Mencer, disse que a fome não se concretizou em Gaza graças aos esforços de Tel Aviv para permitir a entrada de ajuda humanitária, e responsabilizou o Hamas pelo desvio dos suprimentos. O grupo terrorista nega e acusa Israel de usar a fome como arma de guerra.
O IPC avaliou que as medidas adotadas por Israel são “altamente insuficientes para atender às necessidades essenciais da população por alimentos, água, abrigo e medicamentos”. Alerta que ações imediatas são necessárias para evitar “mais mortes, fome e desnutrição aguda”.
O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, disse que Israel “está trabalhando” para encontrar países anfitriões para os moradores de Gaza.
O ataque terrorista do Hamas a Israel, em 2023, matou 1.218 pessoas, a maioria civis. A resposta militar israelense já deixou 52.862 mortos em Gaza, também civis em sua maioria, de acordo com o Ministério da Saúde. A ONU considera esses números confiáveis.
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