ISABELA PALHARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A partir desta terça-feira (11), o Instagram vai principiar a reconfigurar involuntariamente as contas de adolescentes no Brasil e em outros países da América Latina. Os perfis dos usuários com menos de 18 anos passam a ter uma série de restrições, as quais só poderão ser retiradas com a autorização dos pais.

 

As restrições às contas de usuários adolescentes foram anunciadas no termo do ano pretérito depois a Meta, dona do Instagram, ter recebido processos judiciais e críticas da comunidade científica por ser acusada de estar consciente de que a rede social é potencialmente danosa para saúde mental de jovens, em peculiar as meninas.

Em entrevista exclusiva à Folha de S.Paulo, Antigone Davis, vice-presidente global de Segurança e Muito-Estar da Meta, diz que as mudanças devem trazer mais “tranquilidade” aos pais por saberem que seus filhos estarão menos expostos a conteúdos sensíveis e mais protegidos da abordagem de estranhos.

Ela, no entanto, reconhece que um duelo será mourejar com os jovens que tentam lesar a verificação de idade da plataforma. Também admite que as mudanças podem levar os adolescentes a transmigrar para outras redes sociais com políticas menos restritivas.

“Esperamos que essas mudanças mudem o comportamento dos adolescentes em nossa plataforma e isso pode valer até mesmo que eles mudem para outro aplicativo. Mas nosso objetivo é fornecer essas proteções automáticas para que os pais confiem na nossa plataforma”, disse Antigone.

“Sinceramente, eu gostaria que os pais chegassem ao ponto de expor que o Instagram é a plataforma em que se sentem mais confortáveis dos filhos estarem”, completou.

O Instagram havia anunciado a proteção automática das contas de juvenil em setembro do ano pretérito. A mudança nas configurações já teve início nos Estados Unidos, mas começa a suceder no Brasil a partir desta terça-feira.

A empresa não divulga quantos adolescentes têm conta no Instagram, mas Antigone diz que o Brasil é um dos países mais ativos na plataforma, o que deve ajudar a requintar o controle das restrições e a regulagem de algoritmo.

“Tenho certeza de que aprenderemos muito com os adolescentes brasileiros sobre o que está funcionando muito e o que não está”, disse.

Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil, 38% dos adolescentes de 13 a 14 anos dizem que o Instagram é a rede social que mais usam. Entre os de 15 a 17 anos, são 62%. Juntos, eles somam mais de 7,7 milhões de usuários.

A chamada Conta de Juvenil vai passar a ser instalada involuntariamente nos usuários com menos de 18 anos. A idade mínima para utilizar a plataforma é 13 anos.

Segundo Antigone, a Meta já exige a comprovação de idade e desenvolveu tecnologias capazes de detectar usuários que podem colocar uma informação falsa da data de promanação para se passar por adulto.

“Esse é o grande duelo atual das big techs, a verificação de idade. Mas nós temos mecanismos hoje para identificar se alguém mudou a idade na sua conta ou abriu uma novidade conta para tentar lesar a verificação.

“Nós podemos olhar o histórico de publicação, por exemplo. Se no ano pretérito, um usuário publicou uma foto com um bolo de natalício com uma vela de número 13 e tentar mudar sua idade para 16 anos, esse é um sinal para nós de que alguma coisa está inverídico”, explicou.

O QUE MUDA NA PRÁTICA

As mudanças que começam a ser implementadas entre os adolescentes vão tornar todas as contas novas e existentes em privadas por padrão, assim elas só poderão receber mensagens, marcações e menções de seguidores e conexões existentes.

O Instagram também vai impedir que adolescentes recebam notificações entre as 22h e as 7h. Também disse que essas contas terão configurações mais restritivas para teor sensível, uma vez que postagens com nudez ou violência ou que promovam procedimentos estéticos nas abas Explorar ou Reels.

“Vamos ter um filtro mais restrito para o teor que os adolescentes podem acessar, ou seja, eles não vão ver conteúdos que não violam nossas políticas, mas que estão no limite do que permitimos ou pode ser sensível para menores. Por exemplo, conteúdos que podem contribuir para dismorfia corporal ou transtornos alimentares vão permanecer mais restritos. O mesmo vale para teor sexualmente sugestivo”, diz Antigone.

Adolescentes com menos de 16 anos só vão conseguir mudar essas configurações e retirar as configurações com autorização dos pais. Ou seja, vão precisar atrelar suas contas à de um adulto responsável para autorizar a mudança.

Especialistas já haviam assinalado que mudanças assim podem ajudar, mas jogam nos pais uma responsabilidade que deveria ser das big techs: a maior regulação nas plataformas. Sobre essas críticas, Antigone nega que a empresa esteja se abstendo de suas obrigações.

“A última coisa que estamos fazendo é fugir de nossas responsabilidades. Estamos implementando um controle de teor sensível, colocando em prática proteções automáticas para menores. Queremos que os pais saibam que todos os adolescentes estão mais protegidos e, caso queiram, os pais podem se envolver mais nesse processo.”

Além das configurações automáticas, os pais podem, por exemplo, aumentar o tempo de restrição das notificações, acessar com quem os filhos estão conversando (ainda que não possam ver o teor das mensagens) ou definir um tempo sumo de uso quotidiano do Instagram.

“Os pais que desejarem estar mais envolvidos terão as ferramentas necessárias para educar seus filhos online. Eles agora terão disponível nossos sistemas de supervisão para usar uma vez que acharem mais condizente, podem restringir o uso por 1 ou 2 horas ao dia ou estabelecer que o aplicativo não pode ser usado durante o período de lição”, disse.

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