O Brics passou a racontar, nesta semana, com a Indonésia entre os membros plenos do conjunto. O país-arquipélago é formado por 17 milénio ilhas e famoso por suas praias e pelo turismo.

 

A país tem a quarta maior população do planeta e a oitava maior economia mundial, considerando a paridade do poder de compra (ppc) das moedas, sendo um dos países que mais cresce na Ásia e que vem reduzido a pobreza nos últimos anos.

Analistas consultados pela Sucursal Brasil afirmam que o ingresso no Brics do país transcontinental – por ocupar segmento da Ásia e da Oceania – é positivo e amplia o leque de potências regionais do Sul Global em meio à expansão do conjunto.

Ou por outra, destacam que a tradição de neutralidade na política externa da Indonésia reduz as tensões do Brics com potências ocidentais.

A professora de relações internacionais da Universidade Federalista Rústico do Rio de Janeiro (UFRRJ), Ana Elisa Saggioro Garcia, avalia que a Indonésia ingressa no conjunto uma vez que potência regional asiática econômica e politicamente relevante.

“A Indonésia soma de uma maneira positiva com um Brics mais reformista e com menos enfrentamento geopolítico, uma vez que talvez seria a incorporação da Venezuela, e uma vez que é a incorporação do Irã e de outros países com um peso político mais questionável”, avaliou Ana Elisa.

Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Brics, da PUC do Rio, a Indonésia fortalece a perspectiva de tornar o Brics um conjunto de potências regionais do Sul Global, “atraindo parceiros que não querem permanecer à sombra dos países ocidentais e que pretendem apostar no mundo multipolar. São parceiros que, assim uma vez que Brasil, Índia, África do Sul, Etiópia e Egito não rejeitam o poente, uma vez que é o caso do Irã, mas pretendem tirar melhor proveito por estarem nos dois lados”.

O economista, doutor em relações internacionais e CEO da Amero Consulting, Igor Lucena, também destacou o papel mais neutro que o país tem nas relações externas, com fortes ligações comerciais com Singapura, Japão e Estados Unidos (EUA).

“Ao mesmo tempo, expandem também essas operações com a China. A Indonésia fica em uma situação muito similar à do Brasil – de que tomar partido em um determinado momento pode prejudicar seu incremento econômico”, explicou, lembrando ainda que o país mantém cooperação militar e de resguardo com nações do pacífico, principalmente Austrália e Novidade Zelândia, que “estão defendendo aquela região uma vez que uma espaço livre do progresso militar chinês”.

Em nota, o governo da Indonésia agradeceu o papel do Brasil e da Rússia para seu ingresso no grupo, destacando que a coligação reflete a atuação cada vez mais ativa da Indonésia em questões globais.

“O Brics é uma plataforma importante para a Indonésia fortalecer a cooperação Sul-Sul, garantindo que as vozes e aspirações dos países do Sul Global sejam ouvidas e representadas no processo global de tomada de decisões”, informou o governo indonésio. 
 

Com um Resultado Interno Bruto (PIB) de US$ 1,37 trilhão em 2023 (o Brasil registrou PIB de US$ 2,17 trilhões no mesmo ano), a Indonésia tem quase 280 milhões de habitantes e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,713, ocupando a posição número 112 do ranking das Nações Unidas (ONU), sendo considerado um país de renda média. O Brasil tem IDH de 0,760 e ocupa a 89ª posição no ranking.

O economista Igor Lucena destacou que a Indonésia, apesar de muito conhecida pelo turismo, mormente pelas belas praias da ilhéu de Bali, tem uma economia mais diversificada que a do Brasil, com mais de 40% do PIB no setor industrial, com poderoso participação dos setores de calçados, aço, automóveis e peças.

“A Indonésia tem um grande mercado consumidor para produtos brasileiros e é uma país fundamental na Ásia. Essa talvez seja uma das principais adesões dos Brics, lembrando também que a Indonésia é uma país democrática com protótipo de república presidencialista. Jacarta, sua capital, é uma cidade extremamente pujante economicamente”, destacou.

Em 2023, o Brasil representou 2,2% das importações totais do país, ficando uma vez que a 11ª país mais importante para as importações indonésias.

Já exportações brasileiras para a Indonésia somaram US$ 4,1 bilhões, colocando o país asiático uma vez que o 14º fado mais importante para os produtos brasileiros, segundo dados da Apex Brasil. 

O Brasil exporta para a Indonésia principalmente produtos agropecuários, totalizando 93% dos produtos em 2022, principalmente farelo de soja, açúcar, algodão, trigo e mesocarpo bovina.

Para o profissional Igor Lucena, o ingresso da Indonésia no conjunto “talvez seja a mais importante porta para o Brasil adentrar no sudeste asiático e diminuir sua sujeição econômica, por exemplo, de exportações para a China”. 

Nos últimos três anos (2022 a 2024), a Indonésia registrou um incremento do PIB de 5,1%, em média, segundo fontes oficiais. Ex-colônia holandesa por mais de três séculos e meio, a Indonésia conquistou sua independência em 1949 posteriormente um sangrento conflito armado contra o colonizador europeu.

O Brasil assumiu a presidência do Brics neste ano em meio à expansão do conjunto, tendo anunciado a adesão da Indonésia. A expectativa é de que nove países ingressem formalmente no Brics neste ano, entre eles, Cuba, Bolívia, Malásia e Tailândia.

Ao todo, 13 países foram convidados para entrar no conjunto. Espera-se ainda que Nigéria, Turquia, Argélia e Vietnã confirmem a participação.

Em 2024, o conjunto já havia recebido cinco novos membros efetivos, chegando a dez países. Até portanto formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics incluiu no ano pretérito Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Arábia Saudita. A Arábia Saudita, apesar de não ter assinado a adesão ao grupo, tem participado de todos os encontros

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