Índios tupinambá reencontram manto sagrado após 335 anos na Europa

O povo indígena tupinambá comemorou o retorno de um manto sagrado, um dos mais importantes símbolos espirituais da tribo, que voltou ao Brasil após mais de três séculos na Europa.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou o evento na quinta-feira durante a apresentação oficial no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. “Seu retorno marca o início de uma nova era de conquista para os povos indígenas”, declarou Lula.

O evento contou com a presença de Lula, da primeira-dama Rosángela ‘Janja’ da Silva, membros da etnia tupinambá, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e representantes de governos regionais. A chegada do manto ao Brasil é de “extrema importância” para os tupinambá, e cerca de 170 indígenas estiveram presentes para marcar a ocasião.

Desde sua chegada ao Brasil, em 4 de julho, o manto tem sido objeto de homenagens com cânticos, orações, vigílias, fogueiras e conferências. No entanto, o evento também foi marcado por críticas das lideranças indígenas, que se queixaram da falta de transparência no processo e do fato de não terem recebido o manto no momento de sua chegada. Eles prometem continuar lutando para que o manto seja devolvido à terra à qual pertence.

“A nossa herança não está sendo tratada com o respeito que merece, pois somos os verdadeiros herdeiros do manto sagrado”, afirmou a cacica Yakuy Tupinambá.

O manto ancestral, repatriado da Dinamarca, onde estava desde 1689, é uma peça imponente de 1,20 metro de altura e 80 centímetros de largura. Foi confeccionado principalmente com penas da íbis-vermelha, além de penas de papagaios e araras azuis e amarelas. Originário do século XVI, o manto foi trazido para a Europa pelos holandeses por volta de 1644.

Este manto é um símbolo de poder espiritual e representa a identidade e a conexão dos tupinambá com sua ancestralidade. Era usado exclusivamente em cerimônias rituais pelos líderes espirituais da tribo e é o único exemplar desse tipo a retornar ao Brasil. Outros dez mantos similares permanecem em museus europeus, muitos dos quais foram enviados por missionários jesuítas, obtidos como espólio de guerra ou comercializados com os indígenas.
 

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