Nascida e criada na aldeia indígena Te’yikue, na cidade de Caarapó (MS), a jovem índia Dara Ramires Lemes, 25 anos, alcançou seu grande sonho de ser médica. Atuando em um posto de saúde no interior do Estado, ela tem um diferencial que a maioria dos médicos não tem: fala guarani.
“Percebo que as pessoas se sentem mais à vontade falando a língua nativa. Todos eles, assim como eu, também falam português. Porém, é um conforto saber que estamos dialogando na mesma identidade cultural”, contou Dara ao site Campo Grande News.
A jovem médica sempre se destacou. Quando era pequena, ainda na escola indígena, suas habilidades com a bola no pé chamavam a atenção de todos. Dara começou a fazer escolinha de futsal e logo depois se viu nas categorias de base de um time de Campo Grande, capital do MS.
Do futebol à Medicina
Mas a menina não ficou muito tempo por lá e logo se mudou para Belo Horizonte (MG) para compor o time de base feminino do Atlético-MG. De acordo com ela, seu pai, Dario, passou a paixão pelo esporte no sangue da família, mas a vontade de ser médica ainda falava mais alto.
“Resolvi parar de jogar bola. Concluí o ensino médio, prestei vestibular e vi que precisava de muito mais para conseguir ser aprovada no meu sonho. Fui adiante. Entrei em um cursinho, estudava diariamente e finalmente consegui passar.”
Centro-oeste, Sudeste e Sul
A saga da jovem tinha um novo destino. Após sair do Mato Grosso do Sul e passar por Minas Gerais, sua nova casa seria no Rio Grande do Sul, mais precisamente na Universidade Federal de Santa Maria. Depois de rodar parte do Brasil perseguindo seu sonho, Dara confessa que às vezes parecia difícil terminar sua jornada.
“As dificuldades eram tantas para uma menina indígena de aldeia. Parecia que eu não poderia sonhar tão alto, mas descobri que sim. O sentimento que fica agora é o da gratidão”.
“Grata por Deus ter me abençoado com pais maravilhosos, proporcionar na minha formação de médica em uma universidade federal e por jamais esquecer de quem realmente sou, de cultivar minhas raízes.”
Para Dara, o futuro de mulheres e homens que, assim como ela, saíram de aldeias indígenas e buscam a área de saúde, é promissor. Na visão da jovem médica, mais e mais pessoas de diferentes etnias terão acesso à universidade.
“Eu acredito que muito em breve teremos mais e mais profissionais assim como eu no sistema de saúde. Já existem universitários cursando Enfermagem, Odontologia e áreas afins que também são filhos de diferentes etnias. Com certeza, assim como eu, também irão se somar no futuro dos povos indígenas”, concluiu.
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EDUCAÇÃO – Razões para Acreditar