Incidência de covid nas escolas é menor do que a média paulista

A incidência de covid nas escolas públicas e particulares desde a primeira semana de janeiro foi de 41 casos por 100 mil habitantes, enquanto no Estado de São Paulo é de 1.393 por 100 mil, mais de 30 vezes maior. Os dados são da Secretaria Estadual de Educação, que criou um sistema de notificação e monitoramento para ser acessado obrigatoriamente pelas escolas quando houver estudantes e profissionais sintomáticos ou já com resultado do teste. Foram 4.084 casos confirmados de alunos ou profissionais contaminados nesse período – 59% na rede estadual e 37% na particular.

O Estado tem cerca de 9 milhões de alunos nas redes pública e privada. Foram notificadas 21 mortes, de 2 alunos e 19 servidores. Segundo a secretaria, os casos ainda estão sendo investigados para saber se houve, de fato, relação com a escola ou se eles já haviam se infectado antes da abertura. Cerca de 2 mil do total de 29 mil escolas paulistas notificaram casos confirmados, a maior parte na rede pública. Desde que as aulas presenciais foram autorizadas, esse é o primeiro estudo sobre covid na educação do Estado.

“São dados preliminares, mas que mostram que a escola é, sim, um ambiente seguro e deve ser parte de um processo de abertura”, disse o epidemiologista Wanderson de Oliveira, ex-secretário do Ministério da Saúde e coordenador da Comissão Médica da Educação do Estado de São Paulo, que auxilia a secretaria na abertura das escolas. A educação foi autorizada a funcionar no dia 1 de fevereiro em São Paulo, quando a rede particular começou as aulas presenciais.

A partir dos dados do Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para Covid-19 (Simed), também foi possível analisar que, em regiões do Estado onde há mais contaminação as escolas também tiveram maior número de casos, como em Araraquara e São José do Rio Preto. “É importante olhar onde essa correspondência ocorreu, mas também onde não ocorreu, para investigar e tomar medidas mais restritivas, como fechar escolas, se houver mesmo mais transmissão”, diz Oliveira. Uma delas é a região de Itapeva, no sul do Estado.

Oliveira explica que a intenção é, em breve, ligar totalmente o sistema da Educação com o da Saúde para que haja acompanhamento dos casos. Atualmente, a escola apenas notifica e aguarda que a unidade de saúde local tome as providências sobre tratamento e testes. O próprio aluno ou professor que tiver um exame confirmado para covid depois precisa informar a escola. A rede privada, no entanto, tem pago testes para seus funcionários em caso de suspeita, o que torna a notificação mais efetiva.

Dessa forma, apesar da rede privada representar só 20% do sistema de ensino no Estado, 30% dos 24.345 casos notificados (confirmados ou não) vieram dela. Entre os confirmados, a maioria é de mulheres – algo que segue o perfil de profissionais das escolas. A maior parte tem entre 40 e 49 anos.

Rastreio e frequência

Para a pediatra Luciana Becker, que também faz parte da comissão, os dados podem ajudar as famílias a decidir sobre enviar ou não os filhos às aulas presenciais. O sistema pode também ajudar a rastrear os contatos que um aluno infectado teve, com cruzamento de dados de diários de classe digitais. Neste momento, no entanto, o Estado está em fase vermelha e o secretário da Educação, Rossieli Soares, pediu que apenas os “alunos que mais precisam” frequentem a escola.

O infectologista pediátrico Renato Kfouri, que não participou do estudo, diz que ele é importante porque demonstra, assim como outros internacionais, que a escola não aumenta a transmissão na comunidade. Dados internacionais indicam que as crianças representam cerca de 2% dos casos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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