RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) voltou a pedir desculpas nesta terça-feira (23) pela demora na liberação de pagamentos a recenseadores que trabalham no Censo Demográfico 2022.
O pedido foi feito em uma publicação nas redes sociais, espaço em que o órgão vem recebendo críticas de usuários em razão de pendências.
“O IBGE reconhece e pede desculpas pela demora na liberação do pagamento do trabalho de coleta dos recenseadores. O instituto informa que está comprometido em reduzir esses prazos”, afirmou.
O texto não detalha quantos profissionais são afetados pelos atrasos neste momento. Questionado pela Folha sobre quantos recenseadores têm valores atrasados, o IBGE disse apenas que “mais de 90% dessas pendências já foram sanadas, até semana passada”.
“Em relação aos pagamentos solicitados, até dia 18/08 [quinta-feira], referentes a ajuda de locomoção e diárias, já foram regularizados. Sobre os pagamentos de ajuda de treinamento, há ainda algumas demandas residuais que estão sendo resolvidas caso a caso pelo IBGE em suas respectivas unidades estaduais”, disse o órgão.
“Dessa forma, o IBGE demonstra compromisso de honrar as suas obrigações em remunerar aqueles que vêm trabalhando na operação censitária”, emendou.
A coleta das informações do Censo começou em 1º de agosto. A expectativa do IBGE era de contratar em torno de 183 mil recenseadores para visitar cerca de 75 milhões de domicílios espalhados pelo país até outubro.
Esses profissionais têm a tarefa de realizar as entrevistas do levantamento. Os salários são variáveis. Ou seja, dependem da produção individual. É possível simular a remuneração no site do Censo 2022.
No fim de julho, o IBGE promoveu treinamento com recenseadores em diferentes regiões. Desde então, o instituto vem sendo alvo de críticas nas redes sociais por atrasos na liberação de pagamentos. A queixa inicial era em razão da demora nos repasses de uma ajuda de custo pela participação no treinamento.
“Primeiramente gostaríamos de nos desculpar pelos transtornos causados na demora da liberação do pagamento da ajuda de treinamento”, afirmou o instituto em comunicado no dia 5 de agosto.
“O grande volume de dados pessoais dos recenseadores cadastrados no sistema e processados em curto prazo de tempo acabou ocasionando lentidão no pagamento dos valores”, acrescentou.
Na ocasião, 158 mil recenseadores já haviam sido treinados. Do total, em torno de 44 mil ainda não tinham recebido a ajuda até então.
O Censo, que costuma ser realizado de dez em dez anos, é considerado o trabalho mais detalhado sobre as características demográficas e socioeconômicas da população brasileira.
A edição mais recente ocorreu em 2010. A nova pesquisa seria em 2020, mas foi adiada com as restrições provocadas pela pandemia de Covid-19.
Em 2021, o levantamento foi travado pela segunda vez. À época, o que impediu o trabalho foi um corte na verba prevista pelo governo federal.
Para a realização do estudo em 2022, o IBGE conta com um orçamento de cerca de R$ 2,3 bilhões, liberado pelo governo federal após o STF (Supremo Tribunal Federal) ser acionado.
O diretor de pesquisas do instituto, Cimar Azeredo, afirmou em 1º de agosto que estava confiante com a possibilidade de o órgão ter à disposição recursos complementares, caso a recomposição fosse
Na mesma ocasião, Azeredo também reconheceu o atraso no pagamento da ajuda de custo a recenseadores. “Durante o Censo, a gente sabe que vão acontecer muitos problemas. A gente não está livre. Quem disse que o IBGE vai fazer um Censo sem problemas mentiu.”
Na conta do instituto no Instagram, usuários voltaram a fazer cobranças nesta terça. Há, inclusive, ameaças de greve.
“Todos sabemos que realizar um recenseamento em cerca de 75 milhões de domicílios distribuídos em 5.570 municípios não é tarefa fácil”, afirmou o comunicado do órgão nesta terça.
“O IBGE reafirma o respeito pelo papel fundamental dos recenseadores e dos outros servidores temporários que fazem os questionários do Censo chegarem até todos os domicílios deste país”, completou.
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