VICTORIA AZEVEDO, RANIER BRAGON, JOÃO GABRIEL, RAPHAEL DI CUNTO E MARIANA BRASIL
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Hugo Motta (Republicanos-PB), 35, foi eleito neste sábado (1º) presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 2025-2027, se tornando o mais jovem presidente da Moradia da história.
O deputado chega ao missão mais cima da Câmara pelas mãos de Arthur Lira (PP-AL), que foi o principal fiador de sua candidatura, e posteriormente uma reviravolta que tirou os principais competidores da disputa, a partir de setembro.
Neste sábado, Hugo recebeu os votos de 444 dos 513 deputados da Câmara. Marcel Van Hattem (Novo-RS) teve 31, e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), 22. Houve ainda dois votos em branco.
Com suporte de quase todos os partidos da Moradia, Hugo não teve adversários competitivos e estava virtualmente eleito antes mesmo de o resultado ser anunciado.
Hugo, porém, não superou recorde de Lira. Em 2023, o alagoano teve 464 votos de 508, tornando-se, naquele momento, recordista desde a redemocratização do país.
A eleição de Hugo também torna Lira o primeiro presidente da Moradia desde a redemocratização a escolher e optar o seu sucessor. O alagoano, que encerra quatro anos de procuração primeiro da Câmara, conduziu conversas e acordos que levaram o deputado do Republicanos a ter suporte da maior secção das legendas da Moradia.
Um dos principais desafios de Hugo será, justamente, conciliar os interesses do leque dos partidos que o apoiam, indo do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro. Um dia posteriormente ser alçado à disputa, ele se reuniu com o petista e com o ex-presidente.
Ao longo da campanha, Hugo fez acenos aos dois partidos, sem se comprometer com temas espinhosos, caso do projeto de lei que dá anistia aos condenados pelos ataques golpistas do 8 de janeiro ou da proposta que regulamenta as redes sociais. Às vésperas da eleição, divulgou o seu slogan de campanha: “Do lado do Brasil”.
De família de políticos, é descrito por aliados uma vez que de perfil conciliador, sereno e habilidoso nas negociações -com poderoso atuação nos bastidores. Pessoas próximas ao parlamentar também dizem que ele não pode ser classificado nem uma vez que governista nem uma vez que oposicionista.
Em seu quarto procuração, o parlamentar se destacou pela boa relação com diferentes correntes políticas na Câmara, mas esteve mais próximo de políticos influentes do centrão, entre eles Lira, o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e o ex-deputado Eduardo Cunha, que presidiu a Moradia em 2015 e 2016.
Ainda assim, no governo federalista, há uma expectativa de melhora na relação com a cúpula da Moradia posteriormente a eleição de Hugo, com diálogo e compromisso com pautas prioritárias do Executivo, sobretudo na superfície econômica. Hugo é próximo de ministros do governo, uma vez que Renan Fruto (Transportes) e Silvio Costa Fruto (Portos e Aeroportos).
O cenário para o governo no Congresso, entretanto, não é fácil. A esquerda é minoritária, e Lula conviveu nos dois primeiros anos de governo com uma base instável mesmo tendo distribuído 11 ministérios a PSD, União Brasil, MDB, Republicanos e PP.
Uma das primeiras dores de cabeça de Hugo primeiro da Câmara deve ser o impasse em torno do pagamento das emendas parlamentares, tema que mobiliza todos os deputados. Aliados apostam no diálogo de Hugo com o STF (Supremo Tribunal Federalista) para conduzir novas negociações, sem deixar os interesses dos parlamentares em segundo projecto.
Deputados próximos ao novo presidente da Câmara dizem ainda que ele pretende “reviver” o plenário da Moradia, com a presença dos deputados para debates mais aprofundados das matérias e com a previsibilidade da taxa de votações -com estabilidade nas matérias para atender a todos os partidos.
Ele também tem afirmado que quer valorizar o trabalho das comissões temáticas, diminuindo o número de requerimentos de urgência levados ao plenário -em caso de aprovação no plenário, esses requerimentos, frequentemente usados por Lira, anulam a premência de os projetos serem discutidos nas comissões.
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