O papiloma vírus humano, hoje bem conhecido como HPV, não apresenta sintomas característicos. Em algumas situações, provoca lesões na pele e nas mucosas, verrugas anogenitais, de aspecto parecido ao de uma couve-flor. É capaz também de se manifestar em infecções. Aliás, em caso de infecção persistente por certos tipos do vírus, há risco de desenvolvimento de câncer no ânus e em outras regiões.
Para mulheres, o maior perigo é de câncer de colo do útero, o quarto tipo mais comum entre elas e responsável por 265 mil óbitos por ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mais comumente, é detectado no teste de Papanicolaou, exame simples e rápido que colhe células do colo do útero para análise em laboratório.
Trata-se de um vírus de contato, pele com pele, que penetra e se aloja no epitélio por microfissuras. Um dia, em uma eventual queda de imunidade, acaba se manifestando. Sua incidência é gigante: atinge 8 em cada 10 mulheres sexualmente ativas. Isso mesmo: 80%! O especialista preparado para tratá-lo é o ginecologista, quando se pensa em mulheres; para o público masculino, naturalmente, é o urologista.
Os cuidados variam a cada caso e em virtude de suas peculiaridades, como a localização. “Tudo depende de onde está o vírus e do grau de evolução da doença. Se for uma lesão de verruga externa ou interna, por exemplo, podemos indicar ácidos, cremes, radiofrequência e laser.
Quando se dá no colo do útero, utilizamos mais a radiofrequência; na vagina, usamos mais o laser. Também depende da progressão”, argumenta Marcia Fuzaro Terra Cardial, membro da Diretoria da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC-SP) e segunda-tesoureira da SOGESP.
“A medida preventiva é a imunização. A vacina contra HPV é disponibilizada na rede pública para meninas entre 9 anos e 14 anos e para meninos entre 11 anos e 14 anos.
Homens e mulheres que convivem com HIV ou com alguma imunossupressão, que foram submetidos a transplante de órgãos ou medula ou ainda aqueles que fizeram quimioterapia podem tomar a vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até os 26 anos de idade. Para adolescentes até 14 anos são duas doses e nas outras faixas etárias são três. Nas imunossuprimidas são sempre três doses, independentemente da idade”, explica a ginecologista. “Mais uma informação relevante: em consultório não existe limite de idade para a vacinação bivalente, que pega os tipos de vírus 16 e 18, além de fazer relação cruzada com outros tipos, e pode ser tomada a partir dos 9 anos de idade. Já a quadrivalente, para os tipos 6, 11, 16 e 18, só pode ser administrada até os 45 anos”, conclui.
Não há hipótese de 100% de eficácia, pois existem mais de 200 tipos de vírus HPV. Mas é excelente o resultado contra os quatro mais prevalentes, que acometem cerca de 80% da população.
“A vacina demonstra mais eficácia na adolescência, pois produz maior quantidade de anticorpos. Por isso, o ideal é vacinar meninas e meninos nessa faixa etária, porque, além de mais anticorpos, amplia a chance de não terem contato com o vírus”. Mesmo cumprindo a vacinação regular, é indispensável prosseguir com rastreamento periódico do câncer, realizando citologia, teste HPV, além de consultar o ginecologista com frequência.
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