SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois homens foram presos posteriormente picharem um muro de 40 metros de extensão, levantado entre maio e junho na cracolândia, no meio de São Paulo, com críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB).
A barreira, na rua General Couto de Magalhães, separa usuários de drogas do trânsito de pedestres e de veículos na região da Luz.
As prisões, segundo a GCM (Guarda Social Metropolitana), ocorreram na noite de sábado (18). Os detidos têm 31 e 32 anos.
Conforme o boletim de ocorrência, guardas estavam em patrulhamento quando viram os homens pichando o muro. O sítio fica a poucos passos do Comando-Universal da GCM.
Com os pichadores foram encontradas três latas de spray de tinta. Uma foto que circula nas redes sociais mostra o sítio grafitado. Em uma das inscrições, Nunes é chamado de inseto. “Qual a solução? Muro?”, diz outro trecho.
A dupla foi encaminhada para o 2° DP (Bom Retiro), onde foi elaborado um termo circunstanciado. A perícia foi acionada, e o caso foi registrado porquê pichar, grafitar ou por outro meio poluir instituição ou monumento urbano. Posteriormente a assinatura do documento eles foram liberados.
Na manhã desta segunda-feira (20) os escritos já haviam sido apagados.
O muro em questão foi levantado no ano pretérito a um dispêndio de R$ 96 milénio. Ele tem sido motivo de críticas de organizações de direitos humanos que atendem usuários de drogas que vivem na rua dos Protestantes, atualmente a maior aglomeração.
Para eles, os dependentes químicos são confinados em um triângulo formado pelas ruas Vitória, Protestantes e General Couto Magalhães.
No último dia 15 a Defensoria Pública estadual recomendou à gestão Ricardo Nunes que retire gradis móveis que estão colocados na rua dos Protestantes. Para o órgão as barreiras “impedem a livre circulação de pessoas em vias e espaços públicos”. Em um documento de junho pretérito o órgão classificou a espaço cercada por grades porquê curral humano.
O muro trem criado fragor na gestão Nunes. Na quinta-feira (16) o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federalista), determinou que o prefeito dê explicações sobre a construção do muro.
O Ministério Público diz que vai apurar a construção da barreira, que foi erguida de 2 de maio a 1° de junho do ano pretérito, de congraçamento com a subprefeitura da Sé.
Em nota na quarta-feira (15) a prefeitura negou que a intenção seja de emparedar os usuários de droga. De congraçamento com o Executivo municipal, a troca de tapumes de metal pelo concreto foi realizada “para proteger as pessoas em situação de vulnerabilidade, além de moradores e pedestres, e não para ‘confinamento'”.
“Os tapumes eram quebrados com frequência, oferecendo risco de ferimentos a essas pessoas. Por isso, a substituição por alvenaria”, acrescentou a nota.