Homem negro morre em abordagem de policial que pode ter entrado em apartamento errado nos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um vice-xerife do condado de Okaloosa, na Flórida, matou um militar negro da Força Aérea dos EUA que estava em casa, e o advogado da família da vítima afirma que o policial pode ter entrado no apartamento errado enquanto atendia uma emergência.

Roger Fortson, 23, foi morto no último dia 3 com seis tiros pelo vice-xerife, de acordo com o advogado Ben Crump, que pede que as imagens da câmara corporal do agente sejam divulgadas.

A polícia confirmou que o vice-xerife abriu fogo em um apartamento no local. Disse que ele ouviu sinais de uma briga e reagiu em legítima defesa depois de encontrar um homem armado, mas não deu mais detalhes nem citou identificou Fortson como a vítima. O departamento do xerife de Okaloosa também não respondeu se o policial entrou no apartamento por engano.

O advogado da família disse que Fortson estava numa ligação com a namorada quando ouviu uma batida na porta. Então, ele teria perguntado “quem é?”, mas não houve resposta, de acordo com a namorada.

Em seguida, Fortson sacou a arma que possuía em casa, que era regularizada, e se dirigiu à sala de estar. Nesse momento, o vice-xerife entrou no apartamento repentinamente e abriu fogo, de acordo com Crump. Fortson não chegou a disparar a própria arma.

Ele foi levado ao hospital, mas morreu em decorrência dos tiros. O advogado da família diz que Fortson tinha o sonho de se tornar piloto da Força Aérea. Em uma entrevista coletiva, a mãe do militar reforçou o pedido para que a polícia divulgue as imagens da câmera corporal do agente. “Por favor, fale a verdade sobre o meu filho. Limpe a reputação dele.”

A morte é semelhante ao caso da profissional de saúde Breonna Taylor, de 26 anos, mulher negra que foi morta em casa em março de 2020 por três policiais em Louisville, no estado do Kentucky. Os agentes invadiram a residência no meio da noite como parte de uma investigação de tráfico de drogas contra um ex-namorado dela.

Seu então companheiro, Kenneth Walker, que não era o alvo da operação, teria pensado que os agentes eram ladrões e atirou com uma arma que possuía legalmente. A polícia respondeu com mais tiros, e Breonna foi atingida e morta por cerca de 20 disparos.

Os agentes tinham um mandado chamado “no knock”, que os autorizava a derrubar a porta sem aviso prévio. Eles afirmam que, ainda assim, anunciaram sua presença -Walker nega. A morte de Breonna, que aconteceu semanas antes do assassinato de George Floyd por policiais em Minneapolis, ajudou a desencadear uma onda de protestos antirracistas contra a violência policial nos EUA.