SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um homem de 36 anos foi baleado e morreu na tarde desta quinta-feira (10) durante uma ação da Polícia Militar contra o tráfico de drogas no Bom Retiro, região central de São Paulo.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do estado, o homem teria trocado tiros com policiais durante a ação. Em nota, a pasta afirma que ele tentou fugir ao ver a equipe e, ao ser alcançado, sacou uma arma contra os agentes.
A pasta diz que o homem foi socorrido e encaminhado ao Pronto-Socorro Santana. Ainda segundo a nota da secretaria da Segurança, com ele foram apreendidas 244 porções de crack, 50 porções de cocaína e 26 porções de K2. Também foi obtida uma bolsa, dois celulares e R$ 574 em dinheiro.
O caso foi registrado no 2º DP (Bom Retiro) e no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Um inquérito policial foi instaurado para apurar os fatos, afirma a pasta da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Policiais civis e militares mataram um total de 814 pessoas em 2024, um aumento de 63% em relação ao ano anterior -que já havia registrado aumento de letalidade. As ocorrências incluem tanto situações em que os agentes estavam em serviço quanto de folga.
Nos últimos meses, casos de letalidade policial abriram uma crise no governo que levantou discussões sobre os motivos que levaram as forças de segurança a essa situação.
Especialistas e ex-policiais ouvidos pela Folha de S.Paulo apontam que a crise tem relação direta com a forma de gestão do governador e com sua escolha pelo capitão reformado da Rota Guilherme Derrite para comandar a Segurança Pública.
Desde a sua campanha para o Governo de São Paulo, Tarcísio se posicionou sistematicamente de maneira contrária ao uso de câmeras corporais. No final do ano passado, após virem à tona vídeos de policiais atuando fora do protocolo, inclusive matando pessoas desarmadas, o governador recuou e disse que “estava completamente errado nessa questão”.
Segundo estudo do Unicef e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, de 2022 e 2024 caiu o número de procedimentos instaurados pela Corregedoria da PM, órgão interno de correição. Os autos de prisão de PMs em flagrante delito caíram quase pela metade (48%), assim como a instauração de conselhos de disciplina (46%).
Derrite mudou o comando da Corregedoria no início de 2024 e, em junho, o trâmite para afastamento de policiais. Aqueles envolvidos em casos de atentado às instituições, ao Estado e aos direitos humanos agora precisam ter o afastamento autorizado pelo subcomandante-geral da PM, o que retira independência da Corregedoria.