Haddad freou campanha do governo sobre aumento de isenção de IR

CATIA SEABRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo Lula adiou para o ano que vem a veiculação de uma campanha publicitária sobre o pacote de ajuste fiscal devido à oposição do ministro da Rancho, Fernando Haddad. O foco seria o aumento da tira de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000.

 

Em novembro, em seguida pronunciamento do ministro em rede vernáculo para proclamação de medidas de contenção de gastos, a Secom (Secretaria de Informação da Presidência) encomendou uma campanha para detalhamento do pacote. O mote escolhido foi “Brasil mais poderoso, um governo mais eficiente, um Brasil mais justo”.

A proposta de aumento da tira de isenção seria compensada com a taxação de super-ricos e foi defendida por integrantes do governo uma vez que contraponto político a medidas do pacote que atingirão benefícios sociais.

Na ocasião, houve críticas sobre a inclusão desse item no pronunciamento sobre os cortes, e os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), indicaram que o tema não deveria prosseguir em um porvir próximo no Congresso Vernáculo.

A campanha foi apresentada a Haddad dias depois de seu pronunciamento, em seguida ser produzida rapidamente para exibição já no início de dezembro.
O trabalho foi escoltado pelo publicitário Sidônio Palmeira, que, segundo interlocutores de Lula, deverá assumir a Secom já no início de 2025.

Haddad, no entanto, fez objeções à divulgação da campanha naquele momento. Segundo integrantes do governo, o ministro da Rancho foi contra a veiculação antes do envio da proposta ao Congresso.

Haddad chamou a campanha de prematura, de congraçamento com esses relatos, afirmando que a peça passava a teoria de que a implementação de uma novidade tábua seria imediata. O ministro diz que a proposta será submetida a um debate profundo, sendo suscetível a mudanças até mesmo na natividade de financiamento.

O ministro ponderou que valeria a pena invocar a atenção para o tema, mas durante a tramitação, de forma didática.

Ainda segundo relatos, houve resistência da Rancho ao financiamento da campanha publicitária e Haddad questionou até mesmo sua legitimidade, por anunciar uma proposta sem que tenha sido encaminhada ao Congresso. O caso foi remetido à AGU (Advocacia-Universal da União).

Na avaliação de aliados do presidente, o ministro da Rancho tenta evitar novidade reação negativa do mercado, em um momento de subida oscilação do dólar.
Diante do impasse, a solução caberia a Lula. O encolhimento do presidente em decorrência de sua internação deixou a decisão em suspenso.

Embora a campanha esteja pronta, só será lançada em seguida o encaminhamento da proposta de aumento da isenção do IR ao Congresso e sujeita a alterações.
Para o termo do ano, o governo lançou uma campanha com o concepção “Todo dia a gente faz um Brasil melhor”. Essa campanha mostra resultados positivos, uma vez que geração de empregos e combate à miséria, além de rombo ao mercado internacional.

Ao som de uma versão de “Canta Canta, Minha Gente”, de Martinho da Vila, a propaganda encerra com o refrão “a vida vai melhorar”.

Sidônio atuou na produção do pronunciamento de Haddad, levado a rede vernáculo, no dia 27 de novembro.

Os termos e expressões utilizados pelo ministro demonstravam positividade. Um exemplo foi a apresentação das medidas uma vez que a geração de um Brasil mais poderoso e mais justo.

“Hoje, temos sinais claros de que estamos no caminho notório. O Brasil não somente recuperou o tempo e o espaço perdidos mas voltou a ocupar seu lugar de destaque no mundo, entre as dez maiores economias”, disse o ministro.
Segundo relatos de integrantes do governo, Sidônio foi um dos que insistiram para a adoção de um tom positivo, com a apresentação de medidas populares, uma vez que instituição de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais.

Definido o tom político, a matriz do exposição foi redigida pelo publicitário Otávio Antunes com a colaboração do secretário-executivo da Rancho, Dario Durigan. A esse texto-base foram incorporadas contribuições ainda na véspera do pronunciamento.

A escalação de Haddad para o pronunciamento, em vez do próprio presidente, alimentou na classe política a suspeita de que Lula avalia a possibilidade de não disputar a reeleição, preparando seu ministro da Rancho para um eventual projecto B. Já dirigentes petistas rechaçam essa hipótese, alegando que esse proclamação caberia mesmo ao ministro da Rancho.

Segundo relatos, Haddad tinha dúvidas sobre a aparição em rede vernáculo. Dois dias depois, o governo decidiu lançar uma ofensiva de informação para o termo de ano. Mas a iniciativa foi adiada.

Em encontro com jornalistas na sexta-feira (20), o ministro afirmou que não se vê uma vez que candidato à Presidência da República nas eleições de 2026. “Não me entendo uma vez que candidato em 2026”, respondeu quando instado a comentar o resultado da pesquisa Quest, divulgada na semana retrasada. A pesquisa apontou que Lula e o ministro da Rancho lideram a corrida eleitoral em todos os oito cenários testados.

Haddad disse ainda que o envio ao Congresso de projeto que aumenta a tira de isenção e cria uma taxação mínima para os milionários ocorrerá em 2025.