O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou a conjuntura global desafiadora e a surpresa positiva do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano durante reunião do Comitê do Fundo Monetário Internacional (IMFC, na sigla em inglês), conforme discurso obtido pelo Broadcast. Durante sua fala, ele voltou a defender a importância da reforma das cotas dos membros do organismo.
“O desempenho da economia brasileira superou as expectativas com um crescimento resiliente e inflação em queda”, disse Haddad, segundo fontes. Em seguida, o ministro teria citado a revisão do FMI para o crescimento econômico do País em 2023, de 0,9% em abril para mais de 3% no relatório econômico do Fundo publicado essa semana, durante as reuniões anuais, que acontecem em Marrakesh, no Marrocos.
No trecho do discurso que dedicou ao Brasil, Haddad teria citado a aprovação do novo arcabouço fiscal e a aprovação da reforma tributária na Câmara, com impacto estimado de 5% no crescimento do País no longo prazo.
“O novo arcabouço fiscal e o conjunto de medidas na área da arrecadação reforçaram a confiança na sustentabilidade fiscal do Brasil”, disse Haddad, durante discurso ao Comitê do FMI.
Outro ponto de atenção da sua fala foi em relação ao Plano de Transformação Ecológica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que deve permitir ao Brasil estrear no mercado de ‘green bonds’, de títulos de dívida externa com compromissos sustentáveis. Nas palavras do ministro, trata-se de uma reconciliação economia do desenvolvimento econômico e progresso social com a proteção do meio ambiente e uma oportunidade ao Brasil.
Como tem feito nas reuniões anuais em Marrakesh, Haddad também aproveitou o momento para falar da presidência brasileira no G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo. Ele teria reforçado o foco do País na posição que é “trabalhar para fomentar a inclusão social e combater a fome e a pobreza no mundo, focando na transição energética e no desenvolvimento sustentável nas suas três dimensões, social, econômica e ambiental”.
Ao comentar sobre a economia mundial, o ministro classificou a conjuntura global como “claramente desafiadora”. “Embora a inflação tenha caído, o chamado pouso suave da economia global ainda não está assegurado”, disse, mencionando ainda o aumento dos riscos de fragmentação geoeconômica. “Os recentes eventos geopolíticos agregam estresse a um ambiente já sobrecarregado”, avaliou.
O ministro brasileiro voltou a reforçar o multilateralismo como a saída para os desafios globais, mas enfatizou a necessidade de “instituições representativas e baseadas em regras transparentes”. Segundo ele, a reforma de cotas do FMI é uma “questão crítica”.
O aumento no valor das cotas e o realinhamento devem ser feitos em conjunto para que o FMI tenha recursos e legitimidade para cumprir o seu “papel central” na arquitetura financeira global, defendeu o ministro. “O Brasil não pode concordar com a proposta de fazer, pela primeira vez na história, um aumento no valor das cotas sem qualquer realinhamento”, alertou Haddad, acrescentando que se isso não for possível agora, caminhos alternativos têm de ser encontrados e que o Brasil não ganharia com isso.