Campeão mundial sendo o craque da Copa de 1986, finalista e protagonista da edição seguinte, amado em seu país e idolatrado pela torcida do seu clube. Até 16 de março de 1991, Diego Maradona acumulava feitos suficientes para já ser uma lenda e um dos maiores nomes da história do futebol. Mas há exatos 30 anos, a fase mais conturbada da carreira do craque argentino se iniciava com o seu primeiro caso de doping.
Maradona confessou que começou a consumir drogas na sua passagem pelo Barcelona, iniciada em 1982. Mas o seu primeiro caso de doping ocorreu apenas em 1991, quando já estava consagrado pelo Napoli. O resultado positivo para vestígios de cocaína ocorreu na sequência de partida em que a equipe de Nápoles venceu o Bari por 1 a 0, pelo Campeonato Italiano.
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O caso, que ficou conhecido como “Mararoba” (roba, em italiano, significa “coisa”, droga, no jargão policial) acabou sendo confirmado quase duas semanas depois, em 29 de março, com Maradona sendo suspenso por 15 meses pela Federação Italiana de Futebol, em pena aplicada a nível mundial pela Fifa. O doping de Maradona marcou, também, o fim da mais longeva passagem da sua carreira por um clube de futebol e o início de alguns dos mais turbulentos momentos da sua vida.
Ele atuou de 1984 a 1991 pelo Napoli, tendo vencido duas vezes o Campeonato Italiano (1987 e 1990), uma Copa da Itália (1987), uma Supercopa da Itália (1990) e uma Copa da Uefa (1989). Não à toa, após a sua morte, em 25 de novembro de 2020, o Estádio San Paolo passou a ter o seu nome em Nápoles. Entre a sua estreia, em 23 de setembro de 1984 e o seu último jogo pelo Napoli, em 24 de março de 1991, Maradona jogou 259 partidas pelo clube, com 115 gols, tornando-se o maior ídolo da história do clube.
A confirmação do caso de doping de Maradona foi reportado pelo jornal O Estado de S. Paulo em sua edição de 30 de março de 1991 com a chamada na capa “Exame em Maradona acusa uso de cocaína”. “O resultado da contraprova do exame antidoping realizado em Diego Armando Maradona, realizado ontem, foi positivo e o jogador argentino poderá ser punido com suspensão por dois meses a dois anos. O exame confirmou que Maradona consumiu cocaína ou um dos seus derivados antes da partida do Napoli contra o Bari, dia 17, quando o seu time venceu por 1 a 0. O Napoli poderá ser punido com a perda dos pontos do jogo. O caso será julgado na próxima semana pelo severo Tribunal Desportivo Italiano. Segundo o médico Eduardo Henrique de Rose, do Comitê Médico da CBF, este é o primeiro caso conhecido de doping com cocaína no futebol”.
Mesmo tendo reconhecido a dependência química, Maradona assegurou na época que estava “limpo” naquele teste, afirmando ter sido alvo de fraude dos italianos. Para ele, uma vingança pela vitória da Argentina sobre os italianos, nos pênaltis, na semifinal da Copa do Mundo de 1990, quando incitou os napolitanos a torcerem para a sua seleção no confronto disputado no San Paolo. “Foi uma manobra, eu juro. Naquela partida contra o Bari eu estava limpo”, afirmou em sua autobiografia, “Yo Soy El Diego de La Gente”.
Posteriormente, ainda em 1991, Maradona seria preso em Buenos Aires, no bairro Caballito, onde estava com amigos, por porte de drogas, sendo obrigado a se submeter a tratamento e processado, no período em que ainda estava suspenso por doping. Livre da punição, voltaria a jogar em 1992, com a camisa do Sevilla.
Viveria outro momento de protagonismo na Copa de 1994, na primeira fase pela seleção argentina, até voltar a ser pego em exame antidoping, agora para um estimulante. E deixaria os gramados em 1997, pelo Boca Juniors, antes também tendo passagem pelo Newell’s Old Boys. O problema com as drogas, causa do seu primeiro doping, porém, não o abandonaria nem após o fim da carreira, sendo internado algumas vezes.
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