(FOLHAPRESS) – Grupos brasileiros de esquerda nos Estados Unidos acionaram nesta quinta-feira (20) o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e consulados no país para denunciar irregularidades nos locais de votação do primeiro turno da eleição presidencial, no último dia 2.
Foram elencados atos de violência verbal e física por parte de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), ameaças, transporte irregular de eleitores, restrição de fiscais nas seções e a presença de carros de som nos colégios eleitorais, entre outros pontos.
Além do TSE, o documento foi entregue ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (que cuida da eleição no exterior), à Secretaria de Assuntos Consulares, Cooperação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores e aos cônsules do Brasil em Atlanta, Boston, Chicago, Hartford, Houston, Los Angeles, Miami, Nova York, San Francisco e Washington.
A carta é assinada pelo comitê Defend Democracy in Brazil, pela US Network for Democracy in Brazil e por grupos locais de estados como Nova York, Texas, Califórnia e Flórida.
Neste último, o grupo aponta que observou o transporte irregular de eleitores de Bolsonaro em ônibus e vans, que teria sido organizado e financiado por igrejas locais. Segundo os denunciantes, os passageiros estavam caracterizados com símbolos do presidente e hostilizavam apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O transporte de eleitores é proibido pela legislação eleitoral brasileira, a não ser que seja organizado pela Justiça, sob pena de quatro a seis anos de reclusão.
Segundo a denúncia, houve também um episódio de agressão física em Orlando, registrado pela polícia local. Em Miami e Nova York foram registrados carros de som com propaganda favorável a Bolsonaro dentro do perímetro de votação. Carros de som e alto-falantes não são permitidos entre as 22h da véspera da votação até o fim do pleito.
Segundo os grupos, em Nova York ainda houve registro de intimidação, inclusive com carros cobertos de adesivos de Bolsonaro acelerando de forma ameaçadora em direção a pedestres. Nesse caso, a polícia local precisou isolar a área. Na cidade, segundo o documento, também houve eleitores tirando fotos dentro da seção eleitoral.
Em Los Angeles, os grupos denunciam ainda casos de boca de urna, outra prática vetada pela lei.
Uma reclamação constante em diferentes cidades foi em relação ao tamanho das filas, que chegavam a durar horas sobretudo nos maiores colégios eleitorais, como Boston e Miami.
“Solicitamos às autoridades responsáveis pelos locais de votação dos brasileiros no exterior, em especial nos Estados Unidos, que tomem todas as medidas ao seu alcance para assegurar o livre exercício do direito ao voto segundo o princípio democrático”, diz o documento.
“É de responsabilidade de toda a rede consular assegurar eleições livres, justas, sem violência ou quaisquer outras formas de intimidação política.” O grupo afirma que ainda não teve resposta.
Bolsonaro venceu Lula em todos os colégios eleitorais mais expressivos dos EUA. Em Miami, no maior deles, teve 74,3% dos votos, contra 16,2% do ex-presidente; Boston registrou 69,9% a 23%. Em Nova York, a diferença foi menor, mas ainda assim a favor do atual presidente, com 46,3%, contra 42,9% do petista.
No primeiro turno, filas foram vistas também em muitas cidades brasileiras e colégios eleitorais no exterior –Londres, Milão, Berlim e Paris registraram filas de até três horas, e alguns locais precisaram prorrogar o horário de votação. Em Lisboa houve troca de provocações entre apoiadores de Lula e Bolsonaro e a impugnação de uma urna após um eleitor, identificado como bolsonarista, votar duas vezes.
O consulado do Brasil na capital portuguesa informou que a estrutura para o segundo turno será reforçada. Nos EUA, as representações de Miami e Washington não preveem mudanças para a votação do próximo dia 30.
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