(FOLHAPRESS) – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja uma força-tarefa para se antecipar a problemas nas rodovias, ferrovias e portos que possam prejudicar a logística de escoamento da safra agrícola neste início do ano, o que poderia gerar mais aumento dos preços dos provisões.
O secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, disse à reportagem que a estratégia de escoamento da safra está sendo traçada em conjunto com os ministérios da Lavradio e Portos e Aeroportos, além de Dnit (Departamento Pátrio de Infraestrutura de Transportes), PRF (Polícia Rodoviária Federalista), ANTT (Sucursal Pátrio de Transportes Terrestres) e Antaq (Sucursal Pátrio de Transportes Aquaviários).
Santoro afirmou que uma reunião está marcada para esta semana, na qual cada superfície envolvida levará os pontos de atenção que possam surgir.
Ele ressaltou que o dispêndio de operação e o tempo entre o produtor e o lugar de venda têm efeito direto nos preços.
“Se uma rodovia estiver em pior estado de conservação, o dispêndio para entregar a mercadoria no mercado, nas ceasas [centrais de abastecimento], será muito maior”, afirmou.
A safra começou a ser colhida agora e, segundo ele, deverá se estender neste ano até abril em razão das chuvas. O secretário disse que a ANTT fará a pronunciação com as concessionárias de rodovias e ferrovias, e o Dnit, o monitoramento das rodovias que não são concessões à iniciativa privada.
Esse padrão de governança conjunta já foi adotado no ano pretérito. São ações de curtíssimo prazo, porquê gestão de filas e redução de danos nas rodovias, e medidas de médio e longo prazo. O projecto está atrelado a investimentos de 60 obras estruturantes de melhoria do chamado galeria de agro para o escoamento da safra.
O secretário citou porquê exemplo os casos em que ocorrem deslizamentos nas rodovias e é preciso agir rápido para liberar o trânsito. O governo agora tem contratos de manutenção que permitem agir imediatamente para desobstruir a via e permitir o seu funcionamento.
“Tínhamos boa secção da malha sem contrato de manutenção. Isso era muito ruim, porque se acontecesse um deslizamento, eu teria que fazer uma contratação emergencial que ainda lentidão para liberar o trânsito”, disse. Hoje, mais de 95% da malha rodoviária federalista tem contrato de manutenção.
No caso dos investimentos em obras, a estratégia é retirar os gargalos logísticos que dificultam o transporte de mercadorias. Santoro deu porquê exemplo a passagem urbana de Gurupi, no Tocantins, que destravou um gargalo logístico relevante no escoamento da produção da safra.
Nos portos, a força-tarefa faz um trabalho de controle do fluxo de desembarque da mercadoria por meio de agendamento para evitar que todos os caminhões cheguem ao mesmo tempo nos terminais. O controle começa nas rodovias até chegar ao porto.
No médio prazo, é feito o mapeamento para identificar com antecedência onde devem comparecer os gargalos na infraestrutura do porto para que investimentos sejam feitos no lugar. Um terminal portuário ineficiente, que lentidão mais tempo para carregar e onde o navio fica mais tempo parado, representa dispêndio de locação do equipamento, que acaba sendo repassado para o preço final do resultado.
A subida de preços dos provisões entrou no meio das discussões do governo neste início do ano, depois cobranças de Lula, que comandou uma reunião ministerial na semana passada.
Lula cobrou de ministros medidas que propiciem o barateamento dos preços dos provisões.
A movimentação do governo, entretanto, gerou ruídos e dúvidas sobre a eficiência das propostas aventadas. Entre elas, a redução do imposto de importação, regulamentação da portabilidade do PAT (Programa de Sustento do Trabalhador), que usa o vale-refeição e vale-alimentação, além de medidas com efeito mais demorado, porquê a adoção de estímulos para a produção de provisões capital, porquê arroz e feijoeiro.
Em seguida informações desencontradas e desmentidos de que o governo adotaria medidas intervencionistas, duas preocupações permanecem no radar dos investidores e agentes econômicos: o risco de ações com dispêndio para as contas públicas e a possibilidade de Lula lançar mão de taxação das exportações para reduzir os preços no mercado interno.
Porquê mostrou a poste Tela, da Folha de S.Paulo, o governo identificou cinco produtos que despertam mais atenção na atual escalada dos preços dos provisões: músculos, moca, açúcar, óleo de soja e laranja.
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