(FOLHAPRESS) – A Google e a Apple defenderam no Cade (Parecer Administrativo de Resguardo Econômica) a convergência do mercado de aplicativos em suas respectivas lojas digitais, a Play Store e a App Store.

 

O Cade tem 11 processos abertos analisando práticas anticoncorrenciais em mercados digitais. Em dois, a domínio antitruste analisa o mercado de aplicativos digitais. O objetivo é deslindar se Apple e Google abusam de sua posição dominante no setor.

“A revisão dos aplicativos por pessoas e não por algoritmos é crucial. A Apple não pode mais fazer isso [com a regulação europeia] para impedir que aplicativos maliciosos cheguem aos usuários. Sem distribuição centralizada da App Store, [a Apple] não poderá oferecer as mesmas garantias”, disse o diretor jurídico da Apple para a América Latina e Canadá, Pedro Pace.

A diretora de Parcerias do Google, Regina Chamma, apontou que “o padrão de negócio da Google Play é o que permite contínuo investimento na segurança do ecossistema”.

A participação das duas empresas em audiência pública neste ano é inédita. O Google recusou um invitação para discutir a regulação do setor realizada em janeiro deste ano pela AGU (Advocacia-Universal da União). Foram convidadas para o evento a Alphabet (Google/YouTube), Discord, Kwai, LinkedIn, Meta, TikTok e X (ex-Twitter).

As investigações do Cade são semelhantes a processos realizados nos Estados Unidos e na Europa. Nos EUA, a desenvolvedora de jogos Epic Games processa as duas empresas devido a uma cobrança de taxas de 30%, por exemplo, para compras dentro de aplicativos.

Na Europa, o aplicativo de músicas Spotify pugna com a Apple desde 2019. Porquê resultado desse processo, a empresa foi multada em 1,84 bilhão de euros. O conjunto econômico entendeu que as restrições impostas para quem usa a App Store eram nocivas para a concorrência.

“Duas empresas controlam a grande maioria dos dispositivos móveis, incluindo seus sistemas operacionais. Controlam quais aplicativos podem instalar e em quais termos. Elas obrigam desenvolvedores a distribuírem seus aplicativos pelas próprias lojas e se submeterem às suas taxas abusivas”, disse o diretor sênior de desenvolvimento de jogos da empresa, Mauricio Longoni.

No Brasil, o movimento do Cade ocorre enquanto o país procura aprimorar seu padrão de regulação das grandes empresas de tecnologia.

Na proposta do Ministério da Quinta, o Cade será fortalecido, com a geração de uma unidade voltada ao mercado do dedo com equipes especializadas. O padrão de regulação proposto dá poder ao parecer de impor obrigações às big techs de forma específica, conforme a urgência, para prometer a concorrência. Ele tem inspiração nos sistemas da Alemanha e do Reino Unificado.

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