ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) – Na versão original de “Renascer”, produzida em 1993 pela Globo, o autor Benedito Ruy Barbosa pesou a mão em críticas ao regime latifundiário na cultura da criação do cacau, no interior da Bahia, onde se passa a história.
Na nova versão, Bruno Luperi, neto de Benedito, vai reduzir o tom e fará, sempre que possível, elogios ao agronegócio atual.
No original, as pautas sociais e políticas eram materializadas através das conversas e sermões do padre Lívio, feito por Jackson Costa, que vivia peregrinando pela região da novela.
Entre os temas que ele falava, eram citados a precariedade da saúde, desfalques na educação, sonegação de impostos e a corrupção política.
O padre também falava de pobreza e concentração de terras. Haverá, sim, crítica política, agora focada na pobreza (como um todo) e no fato de que muitos brasileiros continuam sem ter o que comer.
Mas a discussão latifundiária, que era discutida especialmente com José Inocêncio, interpretado por Marcos Palmeira na nova versão e feito por Antônio Fagundes originalmente, vai perder força.
Assim como ocorreu com “Pantanal” (2022), os temas políticos e discussões mais delicadas perderão espaço em nome de passar uma imagem melhor do agronegócio e de fazendeiros. Empresas que investem nesta área estão entre os maiores patrocinadores da televisão brasileira atualmente.
Outro ponto é que a Globo deseja ter uma linguagem mais próxima do popular. Aprofundar tantas críticas políticas não é algo considerado um chamariz de audiência.
O foco será nos entrechos mais clássicos de telenovela, e a relação do trio principal, composto por José Inocêncio, João Pedro (Juan Paiva) e Mariana (Theresa Fonseca).
A adaptação da novela já está bastante adiantada, e as gravações vão começar em outubro. A nova versão da história terá gravações em Ilhéus, no interior da Bahia, e estreia em janeiro de 2024, no lugar de “Terra e Paixão” no horário das 21h.