‘Gaslighting’: entenda o que é e como reconhecer se está a ser manipulado

É comum que existam desentendimentos nas relações interpessoais, contudo quando uma das pessoas distorce as percepções do outro de modo a adquirir poder, sobretudo sistematicamente, tem lugar uma forma de abuso psicológico designada por ‘gaslighting’, conforme explica um artigo publicado pela revista Galileu.

O conceito teve origem no filme ‘Gaslight’, realizado em 1944 e  protagonizado pelos atores Charles Boyer e Ingrid Bergman. Na história, o marido tenta enlouquecer a esposa diminuindo e piscando as luzes na casa onde vivem – que na época eram movidas a gás. Negando quando a esposa aponta para a mudança súbita que está ocorrendo com as luzes. 

Ora, estamos perante um método extremamente eficaz de abuso emocional, que faz com que a vítima questione os seus próprios sentimentos, instintos e inclusive sanidade.

Sendo que, de acordo com o National Domestic Violence Hotline, numa relação tóxica, por exemplo, quando um parceiro abusivo consegue interferir na capacidade da vítima em confiar nas suas próprias percepções, é mais provável que esta fique no relacionamento.

As técnicas utilizadas pelo perpetuador do ‘gaslighting’ podem incluir o questionamento da sanidade do outro, mencionado que a pessoa ‘enlouqueceu’; fingir a não compreensão de um assunto específico ou queixa; menosprezar ou desconsiderar os sentimentos alheios e negar a existência da situação.

Este fenômeno de deturpação psicológica pode ocorrer em relações amorosas, familiares, políticas, de trabalho e noutros palcos sociais. 

Segundo um artigo de 2019 da American Sociological Review, quem utiliza técnicas de ‘gaslighting’ pode recorrer também a estereótipos negativos relativamente ao gênero, raça, etnia, sexualidade, nacionalidade ou idade de uma pessoa para manipulá-la.

De modo a superar esse tipo de abuso, explica a revista Galileu, é essencial estar atento aos sinais e aprender a confiar em si mesmo novamente. Ao reformular essa dinâmica, há como trabalhar para mudá-la ou sair da situação.

No ver da autora e psicanalista Robin Stern, num artigo publicado no jornal Psychology Today, alguns dos sinais são: indagar-se constantemente acerca do próprio comportamento; sensação de confusão e de ‘loucura’ no local de trabalho; desculpar-se constantemente com os familiares, amigos, parceiros, chefes; esconder informações de amigos e familiares para não ter que dar explicações ou desculpas, entre outros.

 

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