SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao menos dez obras da artista Frida Kahlo foram roubadas e vendidas, afirma Hilda Trujillo, ex-diretora dos museus Diego Rivera Anahuacalli e Frida Kahlo Casa Azul, no México.
Entre elas estão ao menos duas pinturas a óleo e oito desenhos, assim como 12 páginas que teriam sido arrancadas do diário da artista. Diego Rivera, marido de Kahlo, havia doado os trabalhos ao patrimônio do México em 1955.
Segundo Trujillo, as obras “inexplicavelmente saíram da Casa Azul”, museu dedicado à vida e obra de Kahlo. Ela denunciou, por meio de um comunicado, a “gestão irregular, contratação de pessoal não qualificado, desperdício de recursos e negociações que contrariam o direito autoral dos pintores, que são Monumento Artístico do México”.
Uma das pinturas, “Frida Em Chamas”, de 1954, foi adquirida por uma coleção privada nos Estados Unidos. A outra, “Congresso dos Povos pela Paz”, de 1952, foi vendida por US$ 2,6 milhão (cerca de R$ 15,3 milhões, na cotação atual) à coleção Mary-Anne Martin, da Sotheby’s.
Trujillo, uma das principais especialistas em Frida Kahlo, acusou o Instituto Nacional de Belas Artes e Literatura (Inbal) de omissão. A instituição é responsável pela proteção do patrimônio artístico do México.
A legislação do país exige que os donos de obras declaradas monumento artístico informem ao Estado qualquer movimentação das peças. A Inbal afirmou, em um comunicado, que não concedeu permissões para a exportação das obras.
“Eu estou dizendo que estão sendo vendidas ilegalmente, como é que vão pedir permissão? Na verdade, peço para vocês irem atrás das obras. Não importa se estão em mãos privadas ou públicas” questionou Trujillo.
Trujillo diz, ainda, que sua denúncia foi feita formalmente ao Inbal e que nunca recebeu uma resposta oficial. Na sua denúncia, ela aponta como evidências documentos oficiais, fotografias, correspondências, listagens parciais de obras e fragmentos do testamento de Rivera.
“Se minhas alegações são infundadas, peço que apresentem publicamente o Diário de Frida Kahlo e as listas de obras geradas por Diego Rivera, e esclareçam quais peças continuam na Casa Azul e quais não”, disse a ex-diretora.