A economia brasileira crescerá 3,6% neste ano e 2,6% no próximo, segundo as novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). Apesar do cenário de muita incerteza, as novas estimativas são mais otimistas que as divulgadas em outubro, na época da grande assembleia anual de ministros, celebrada virtualmente por causa da pandemia, assim como vem sendo, nesta semana, a reunião do Fórum Econômico Mundial.
Pelas estimativas publicadas há três meses, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil aumentaria 2,8% em 2021 e 2,3% em 2022. Também foi revisto o crescimento estimado para o produto global neste ano, de 5,2% para 5,5%. A taxa projetada para o ano seguinte foi mantida em 4,2%.
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A melhora das projeções decorre, em boa parte, da expectativa de condições econômicas mais favoráveis, especialmente no segundo semestre, propiciadas pela vacinação e por novas medidas de estímulo em algumas grandes economias. Mas as boas expectativas associadas à vacinação têm sido contrabalançadas pelo surgimento de novas ondas de covid-19 e de novas variantes do coronavírus, segundo o relatório ontem apresentado pela economista-chefe do FMI, Gita Gopinath.
A difusão da vacina é apontada, em várias passagens do relatório, como condição essencial para a retomada segura das atividades econômicas. No Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também vinculou vacinação e reativação da economia, numa declaração contrastante com manifestações do presidente Jair Bolsonaro.
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Participando de uma sessão do Fórum Econômico Mundial, a diretora-geral do Fundo, Kristalina Georgieva, indicou o monitoramento de três pontos principais em 2021. O primeiro será a corrida entre o coronavírus e as vacinas disponíveis para conter o contágio. O segundo será o conjunto de soluções encontradas pelos formuladores de políticas para continuar apoiando a economia. O terceiro será o avanço da cooperação global.
Jovens e trabalhadores. O apoio à economia terá de incluir, segundo Georgieva, atenção aos jovens e aos trabalhadores. A atualização da Perspectiva Econômica Mundial, ontem divulgada em Washington, chama atenção para alguns dos piores legados da pandemia – desigualdade crescente, maior número de pessoas em pobreza absoluta, maior débito, retrocesso na formação de capital humano e menor crescimento de produtividade. Esse legado resulta, em parte, da “intensificação de tendências preexistentes”.
Em 2020 a economia global encolheu 3,5%, segundo a nova estimativa, mais favorável que a de outubro (ganho de 0,9 ponto porcentual). A recuperação no segundo semestre, agora reavaliada, foi mais intensa do que se calculou em outubro A retração da economia brasileira, 4,5% segundo o relatório recém-publicado, é a mesma estimada há três meses.
Novas infecções e novas limitações impostas em vários países devem prejudicar a atividade neste começo de ano, mas a recuperação deve ganhar impulso no segundo trimestre, com a difusão das vacinas, segundo o relatório. Os autores do trabalho assumiram como pressupostos a disponibilidade ampla de vacinas, até o meio do ano, em economias avançadas e em algumas emergentes.
Essa condição se estenderá à maioria dos países até o segundo semestre de 2022, de acordo com o cenário básico. Esse quadro inclui também a possibilidade de lockdowns, isto é, de restrições severas à circulação, para conter a transmissão de variantes novas, antes de generalizar-se a vacinação.
Medidas fiscais de apoio à recuperação econômica serão provavelmente mantidas em alguns países avançados, como já se anunciou nos EUA, no Japão e na União Europeia. Na maioria dos países a tendência será a busca do reequilíbrio orçamentário, com menores gastos e maior arrecadação.
Os grandes bancos centrais devem manter juros estimulantes até o fim de 2022, avaliam os economistas do FMI. No Brasil, economistas do mercado projetam aumento dos juros básicos nos próximos meses, por causa das incertezas fiscais e do risco de pressões inflacionárias apontado em recente nota do Banco Central.
Os economistas do FMI ressaltam a importância da cooperação internacional para a recuperação econômica, defendem atenção especial a jovens, mulheres e trabalhadores informais e pregam políticas voltadas para a construção de uma economia mais verde. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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