O palmeirense Custódio Dias, de 55 anos, tem até hoje na memória a emoção de ter presenciado a única conquista do clube na Libertadores. Em junho de 1999, o empresário estava no Palestra Itália para acompanhar a decisão contra o Deportivo Cali, da Colômbia. Já o santista Eduardo Brito, de 29 anos, viveu o mesmo sentimento em junho de 2011, quando assistiu do Pacaembu à vitória do seu time sobre o uruguaio Peñarol na decisão da Copa Libertadores. Desta vez, porém, eles e outros milhares de torcedores não vão poder acompanhar a final do torneio neste sábado, já que a pandemia do coronavírus impediu que o Maracanã estivesse lotado de palmeirenses e santistas.
A decisão agora será acompanhada pelos torcedores pela televisão. SBT e Fox Sports transmitem o clássico que vai começar às 17h. Para Custódio Dias, a distância para o jogo vai aumentar a angústia. “Eu fico muito mais nervoso vendo o jogo de casa. O estádio é meu habitat. Eu me sinto mais seguro, entendo melhor o que está acontecendo, analiso melhor a parte tática. Ver uma decisão pela TV vai me fazer sofrer muito mais”, disse o palmeirense, que vai estar acompanhado dos dois filhos.
O santista Eduardo Brito, por sua vez, vai sair de São Paulo para Santos, onde alugou uma casa com alguns amigos para ver a decisão. “A gente que gosta de estádio, de estar na arquibancada com os amigos, não poder estar lá é complicado, fica com coração apertado”, lamentou.
Em 1999, Custódio Dias teve uma ideia ousada a dois minutos do fim do duelo entre Palmeiras e Deportivo Cali. Com a ida aos pênaltis praticamente garantida, ele desceu da arquibancada para tentar chegar ao campo.
“Eu cheguei ao túnel de acesso ao gramado e estava acontecendo uma confusão. Vários repórteres queriam entrar e os seguranças barrando. Começou uma briga entre os dois lados, com várias agressões, e eu resolvi me arrastar pelo chão para passar por tudo. Fui muito pisoteado, mas entrei no gramado”, recordou. O pior foi que logo ao chegar ao campo, a primeira visão foi o pênalti batido por Zinho acertar o travessão.
O torcedor se colocou atrás do gol e acompanhou as cobranças. Acomodado atrás da placa de publicidade, não conseguiu ver com exatidão o lance decisivo. No pênalti final perdido pelo colombiano Zapata, a bola batida rasteira rente à trave escapou do campo de visão do palmeirense. A única certeza de que o título estava confirmado foi porque o público começou a comemorar.
“Eu entrei em campo correndo e fui abraçar o Felipão (técnico do time). Eu até apareci nas fotos dos jornais da época perto da taça e dos jogadores. Só no dia seguinte eu fui ver que estava cheio de hematomas por ter sido pisoteado durante a briga”, relembrou. Torcedor fanático, ele certamente estaria presente no Maracanã caso fosse possível comprar ingressos. Vai restar agora outra maneira.
PROMESSA DE MAIS UMA TATUAGEM – Em 2011, quando o Santos conquistou o tricampeonato no Pacaembu, a angústia de Eduardo Brito começou bem antes do confronto com o Peñarol. Na época, ele ainda não era sócio-torcedor do clube e havia ficado sem ingresso. A alguns dias da decisão, porém, um amigo falou que tinha uma entrada sobrando.
“Fui com mais dois amigos, foi a única vez que fiquei naquele setor Lilás, já tinha esgotado tudo. Conheci outros santistas lá e até hoje nos falamos quando chega o aniversário do título e a foto que tiramos aparece como lembrança nas redes sociais”, contou.
Supersticioso, ele vai assistir à final deste sábado com a mesma camisa e com o boné que vestiu nos outros jogos do mata-mata desta Libertadores. E fez uma promessa: se o Santos for campeão, vai tatuar as quatro taças do torneio no braço direito, onde já tem tatuado o escudo do clube.
“Fiz minha primeira tatuagem do Santos no ano passado. Agora, a promessa é fazer as taças se for tetra. Outros amigos também prometeram isso. Vamos mandar energias positivas mesmo estando longe do Rio”, disse.
No Maracanã, serão cerca de 5 mil pessoas que poderão estar no estádio. São jogadores, jornalistas, comissões técnicas, funcionários da entidade, empregados do local, dirigentes dos times, autoridades, representantes de patrocinadores, convidados dos clubes (conselheiros e alguns sócios) e familiares dos atletas.
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