Filha chora a morte do pai que morreu ajudando crianças na Ucrânia

Um pai ucraniano-americano, de 62 anos, que dedicou a vida a encontrar casas nos Estados Unidos da América (EUA) para mais de 3.500 crianças com necessidades especiais, foi morto por um atirador russo do lado de fora de um abrigo antiaéreo em Kiev enquanto tentava ajudar famílias a fugir.

Serge Zevlever era considerado um herói na Ucrânia mesmo antes da invasão russa por colaborar com as adoções. Quando a mulher e o enteado estavam à procura de proteção, perto do prédio onde viviam, Zevlever foi baleado no peito por um franco-atirador checheno que lutava pela Rússia.

“Ele não estava no meio de uma luta, não estava na linha de frente”, disse a sua filha mais velha, Alisa Sander, de acordo com o Daily Mail, acrescentando: “Ele saiu para ver se era seguro para os outros, mas estavam a apontar as armas para o local onde as pessoas estavam se abrigando”.

Ainda se achava que a Rússia não estava atancando civis, “mas isso não é verdade”, disse, lamentando: “Foi uma grande injustiça. O meu pai era um ser humano tão bonito, que a injustiça é ampliada um milhão”.

Nos últimos 30 anos, Zevlever dividiu o tempo entre St. Louis, nos EUA, onde vivem as filhas, e a Ucrânia, a organizar as adoções. Como na Ucrânia as crianças com deficiência que não são adotadas até os cinco anos são transferidas para uma instituição psiquiátrica para adultos, ele tentava que encontrassem uma família antes dessa idade.

“O meu pai sabia o que aconteceria se essas crianças não conseguissem um bom lar. Lutou por elas como se cada uma fosse sua”, revelou Sander.

Antes do colapso da União Soviética, o cidadão ucraniano fugiu com a filha e esposa para a Itália, onde começou a protestar contra a proibição dos EUA de emitir vistos, realizando uma greve de fome entre os refugiados. Nos Estados Unidos trabalhou como taxista e entregava pizzas, tendo sido também coproprietário de um restaurante do Leste Europeu. Descobriu a paixão por ajudar crianças no final dos anos 90 através de amigos ucranianos que fundaram uma agência internacional de adoções.

Uma semana depois de um casal do Texas, Kelcie e Theron Jagge, ter conseguido sair da Ucrânia com o filho recém-adotado de quatro anos descobriram que Zevlever, que tinha facilitado o processo, estava morto. “Estou em choque e com o coração partido”, postou Kelcie na sua página do Facebook. “Todos os cidadãos americanos partiram, Serge ficou em Kiev para sempre”.

 

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