Expectativas de inflação se elevaram desde Copom de março, diz ata do Copom

A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, mostra que, além do conjunto de projeções e do balanço de riscos, pesou para a decisão do colegiado por um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic, que foi reduzida de 10,75% para 10,50%, a elevação das expectativas de inflação desde a reunião realizada em março.

“Em primeiro lugar, apesar de uma elevação da trajetória de juros advinda da pesquisa Focus, utilizada no cenário de referência, observou-se elevação na projeção de inflação para o horizonte relevante de política monetária. De forma análoga, as expectativas de inflação para o mesmo horizonte, que se mostravam desancoradas em patamar estável nos últimos trimestres, se elevaram desde a reunião anterior”, observou o documento.

A ata também destacou que o cenário de mercado de trabalho e de atividade tem apresentado maior dinamismo do que o esperado pelo Comitê. Já em relação ao cenário externo, a avaliação é de que está mais adverso e requerendo maior cautela na condução da política monetária.

Cenários

A ata também destacou que os cenários para inflação seguem com fatores de risco tanto para cima quanto para baixo. Em seu balanço de riscos, o Copom voltou a destacar entre os pontos de pressão para alta do cenário a maior persistência das pressões inflacionárias globais e maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada, em função de um hiato do produto mais apertado.

Já entre os riscos de baixa, o colegiado ressaltou a desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrando mais fortes do que o esperado.

A ata reiterou a avaliação de que as conjunturas doméstica e internacional tendem a se manter mais incertas, o que exige maior cautela na condução da política monetária.

O documento também pontua que alguns membros observaram mérito no debate de um balanço de riscos assimétrico para cima. Para esse grupo, além da incerteza persistente e elevada das conjunturas doméstica e internacional, os fatores altistas, nesse momento, têm peso superior aos baixistas – isso provocaria a assimetria do balanço. Esses membros avaliam que “a resiliência da atividade e a pujança do mercado de trabalho sugerem uma menor elasticidade do hiato do produto à política monetária, o que poderia induzir um processo de desinflação ainda mais lento”.