(FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e secretários estaduais comemoraram em redes sociais nesta segunda-feira (20) a posse de Donald Trump porquê presidente dos EUA. As postagens tiveram aprovação de seguidores, mas também despertaram críticas, tanto na esquerda quanto na direita.

 

Tarcísio fez três publicações sobre o tópico no Instagram, Facebook, X (idoso Twitter) e Threads desde domingo (19).

Na mais recente, ele aparece em um vídeo colocando um boné com o slogan trumpista “Make America Great Again” (torne a América grandiosa novamente) e dizendo “grande dia”, sentença que virou meme depois ser usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para festejar vitórias sobre adversários.

No domingo, em tom de descrição regressiva para a posse, o governador e coligado de Bolsonaro postou a legenda: “Tá chegando a hora! Novos ventos que apontam para o progresso, prosperidade e liberdade. Todos atentos ao que está por vir?”.

Os secretários Arthur Lima (Vivenda Social), Jorge Lima (Desenvolvimento Econômico) e Valéria Bolsonaro (Políticas para a Mulher) também se manifestaram, com conteúdos próprios e replicados do governador.

O titular da Vivenda Social afirmou se tratar de “um dia de festejar a liberdade” e disse que, com a volta de Trump, “a direita se fortalece, trazendo esperança e renovação para os Estados Unidos e para o mundo”.

Lima escreveu também que o momento “reafirma o poder da soberania, o compromisso com os valores conservadores e a resguardo inabalável da liberdade”, falando na expectativa de que “oriente novo ciclo inspire prosperidade, segurança e lei em todas as nações”.

Tarcísio já tinha elogiado o americano na estação da vitória nas eleições, em novembro. Apesar do alinhamento com Bolsonaro e Trump, ele é criticado por alas da direita que questionam seu comprometimento com bandeiras conservadoras e cobram acenos mais enfáticos.

Falando sob anonimato, um porta-voz do segmento diz à reportagem que o governador age com oportunismo ao buscar holofotes com a posse de Trump e que poderia ter se hipotecado nos bastidores pela autorização para Bolsonaro viajar para o evento, o que foi rejeitado pelo STF (Supremo Tribunal Federalista).

O influenciador Bernardo Küster verbalizou a queixa nos comentários de uma das postagens de Tarcísio. “Você não tem 10% do conservadorismo de Trump e sua equipe”, afirmou o ativista e youtuber.

A maior secção das críticas à empolgação de Tarcísio, no entanto, veio de opositores à esquerda.

A presidente vernáculo do PT, Gleisi Hoffmann, ironizou no X o “vira-latismo dos bolsonaristas” e afirmou que o governador veste o boné de Trump enquanto o presidente “diz com todas as letras” que os EUA não precisam do Brasil.

O deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL-SP) aconselhou o governador a “se poupar” e escreveu para ele que o que vem por aí é “taxação das exportações do estado que você deveria governar”. Outros comentários reforçaram a cobrança para o político se preocupar com questões locais.

A presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, que rivaliza publicamente com o governador porquê representante da categoria e é filiada ao PSOL, chamou de patética uma das postagens de Tarcísio e disse que Trump quer proteger a economia norte-americana e prejudicar a de outros países.

“Diferentemente do que diz o governador Tarcísio, infelizmente o novo governo Trump não está trazendo esperança, progresso ou prosperidade, ele está trazendo uma vaga de pânico, terror e incertezas”, afirmou Camila em vídeo.

Tarcísio é indicado porquê verosímil candidato do campo da direita à Presidência da República em 2026, já que Bolsonaro está inelegível, mas diz hoje que seu projecto é tentar a reeleição no estado. Embora faça oposição a Lula (PT), ele mantém pontes com o governo federalista e dosa críticas.

O governador já tinha demonstrado exaltação depois a vitória eleitoral de Trump, compartilhando pela segunda vez uma foto do atentado ao republicano durante a campanha e falando em esperança e “vitória do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade, da liberdade”.

“O que esperar? Mais apreço pela liberdade, sobretudo de sentença, uma economia mais possante, com menos impostos, uma outra visão acerca da América Latina, uma postura dissemelhante em relação às disputas comerciais, que podem virar oportunidades para nós se muito lidas e aproveitadas”, disse.

Tarcísio também compartilhou em outubro vídeo dele ao lado de Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, conversando por chamada de vídeo com uma brasileira que mora nos Estados Unidos e disse a Trump na campanha para não deixar os EUA virarem o Brasil.

Ao compartilhar a gravação no X, o governador escreveu na legenda que a mulher “representou o sentimento de muitos de nós por cá”.

No diálogo, Bolsonaro afirmou que Trump “fez valer a força da democracia americana”. Nos Estados Unidos e no Brasil, os dois presidentes foram associados a tentativas de oposição do resultado das urnas. Lá, o caso culminou no 6 de janeiro de 2021; cá, no 8 de janeiro de 2023.

Procurado por meio da Secretaria de Informação, o Governo de São Paulo não respondeu se as postagens do governador e dos secretários refletem o posicionamento institucional da gestão sobre a posse de Trump nem porquê o novo governo nos EUA poderá impactar o estado.

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