Estou apaixonado por esse papel, diz Humberto Carrão sobre José Inocêncio

ANA CORA LIMA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – É bem de leve, mas percebe-se um sotaquezinho baiano em alguns momentos enquanto Humberto Carrão vai falando, empolgado, sobre seu próximo trabalho. É um resquício da temporada que passou em Ilhéus gravando as cenas do remake de “Renascer”.

Na próxima trama do horário nobre da Globo, ele interpreta José Inocêncio jovem, um homem simples que após sobreviver a uma emboscada, mantém um cramulhãozinho preso na garrafa, e –talvez com a ajuda dele, quem sabe?– torna-se um bem-sucedido fazendeiro na região do cacau.

“Estou apaixonado. Sério. É um personagem tão bem escrito, como eu poucas vezes vi”, comenta o ator, sobre o texto de Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, autor da primeira versão. Carrão se diz apaixonado também pelas gravações na Bahia, uma experiência das mais bacanas. “Nunca tive um diazinho sequer tranquilo no set. Um dia tocava boiada, outro desatolava um caminhão com 200 mulas e no dia seguinte carregava sacas de cacau para um navio. Foi duro, mas delicioso”.

Carrão, 32, vai se empolgando ao falar do sul Bahia e do seu autor preferido, Jorge Amado (1912-2001), a baianidade em forma de literatura, o homem que melhor retratou os personagens, a vida, e os costumes da região, sem esquecer as críticas sociais.
“Sabe o realismo fantástico de estar na Macondo, de Gabriel García Márquez (a cidade fictícia onde se passa a história da família Buendía, do livro “Cem Anos de Solidão”), com todo aqueles conflitos sociais misturados às festas e à magia local? Tem isso com aqui. Com macumba, com alegria…”, conclui.

O ator também está no elenco de “Betinho: No Fio da Navalha”, produção recém-lançada pela Globoplay. Ele interpreta o cartunista Henfil, irmão do sociólogo Herbert de Souza. “Ele era um homem com a antena do mundo. O humor dele estava ligado à lucidez e à ira contra a miséria, contra a injustiça e uma luta contra a ditadura”, diz.

Carrão, que interpretou Caco Barcelos na série “Rota 66 – A Polícia que Mata”, leu e viu muitas entrevistas do cartunista antes de “transformar-se” no personagem. “Tive um material bem vasto para pesquisar. Henfil era uma figura pop e a história desses irmãos é muito importante para novas gerações. A gente precisa saber sobre grandes brasileiros”, conclui.

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