BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) – O governo espanhol pretende registrar os nomes dos residentes que recusarem a vacina contra a Covid-19 e compartilhar a lista com outros países da União Europeia, afirmou o ministro da Saúde, Salvador Illa, em entrevista a uma TV do país.
Um dos países europeus mais atingidos pela pandemia, principalmente na primeira onda, a Espanha registra até esta terça (29) mais de 50 mil mortes, com a oitava maior taxa de óbitos por habitantes entre os principais países do mundo (107/100 mil, no acumulado da pandemia).
Na segunda onda, o índice vem caindo sistematicamente e fechou a semana passada em 55/100 mil, uma das mais baixas entre 50 países europeus. Mas, como em vários outros vizinhos do continente, a Espanha tem visto a adesão à vacina cair.
A mais recente pesquisa do Fórum Econômico Mundial-Ipsos sobre a confiança na vacina mostra que, em média, em 15 países, a intenção de vacinação caiu 4 pontos entre agosto e setembro. Na Espanha, a queda foi de 8 pontos: eram 72% os que diziam que se imunizariam quando a vacina estivesse disponível; passaram a 64%, à frente apenas da França (54%) entre os países pesquisados.
A porcentagem de pessoas que precisam ser vacinadas para que toda a população fique protegida (a chamada imunidade de rebanho) varia de acordo com a eficácia do imunizante, mas cientistas têm falado em um número em torno de 70%.
Como na maioria dos países europeus, a vacinação na Espanha não é obrigatória, mas, segundo o ministro da Saúde, “todos vemos que a melhor forma de derrotar o vírus é vacinar todos. Quanto mais, melhor”. Issa afirmou também que tomar o imunizante é “um ato de cidadania e solidariedade para com entes queridos”.
Nas próximas semanas, o país estará em sua primeira de três etapas da imunização, que inclui idosos, funcionários de asilos e profissionais de saúde. De janeiro a março, a Espanha espera vacinar cerca de 2,5 milhões de residentes, que serão convocadas pelo sistema público de saúde.
O comparecimento será acompanhado pelo governo, mas o registro das recusas, segundo o ministro, “não será um documento público e será feito com o maior respeito pela privacidade de dados”. “As pessoas que decidem não se vacinar, o que consideramos um erro, estão dentro de seus direitos”, disse ele.
Illa afirmou que o ministério tentará reduzir dúvidas e restrições em relação aos imunizantes, pois o governo considera que a vacinação é o melhor caminho para retomar as atividades. Até maio, o governo decretou toque de recolher das 23h às 6h.
A Espanha está usando a vacina produzida pela Pfizer-BioNTech, que recebeu aprovação emergencial da agência de vigilância da União Europeia (EMA). Preocupações com a pressa nos ensaios clínicos foi o motivo mais citado pelos espanhois que relutam em se vacinar, de acordo com a pesquisa do Fórum Mundial: 48% deles deram essa resposta.
A desconfiança em relação à aceleração dos testes também é uma das principais razões dos céticos na média dos 15 países, ao lado do medo de efeitos colaterais. Os dois motivos apareceram em 33% e 34% das respostas, respectivamente.
Globalmente, um em cada dez afirma ser contra as vacinas em geral, afirma que o risco de contrair Covid-19 é baixo e não acha que uma vacina será eficaz (taxa que chega a 15% na Alemanha). Cerca de um em cada quatro adultos (24%), em todos os 15 países, acha que a chance de obter Covid-19 é tão baixa que uma vacina não é necessária.
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