Escândalo sexual atinge um dos chefes do combate à Covid no Reino Unido

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) – Uma enorme dor de cabeça fez o secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, 42, cancelar seus compromissos oficiais na manhã desta sexta (25), e a causa não foi o Sars-Cov-2 ou qualquer de suas variantes, mas fotos tórridas publicadas na capa do jornal The Sun.

As imagens mostram o secretário abraçando e beijando sua assessora Gina Coladangelo, 43, uma ex-colega de faculdade que ele contratou no ano passado, e foram tiradas no dia 6 de maio, 11 dias antes de abraços –e outros carinhos mais próximos– entre pessoas de famílias diferentes serem liberados pelo governo do premiê britânico, Boris Johnson.

Segundo o The Sun, as fotos foram tiradas às 15h, “em horário de expediente”, e a sequência mostra que o secretário checa se o corredor está livre antes de fechar a porta e, em seguida, encosta-se nela “para garantir que não pode ser perturbado”.
O jornal diz ainda que “Coladangelo então caminha em direção a ele e os dois começam seu abraço apaixonado” e atribui a funcionários do Departamento de Saúde a afirmação de que “a dupla costuma ser apanhada aos agarros”.
Em comunicado, Hancock afirmou nesta sexta: “Reconheço ter violado a orientação do distanciamento social nessas circunstâncias. Eu decepcionei as pessoas e lamento muito”.
Diretora de uma empresa de lobby com sede em Londres, Gina Colangelo foi nomeada conselheira não remunerada por Hancock e, depois, selecionada para um cargo com salário anual de 15 mil libras (cerca de R$ 105 mil) por cerca de 20 dias de trabalho por ano. Ela também é diretora de comunicações da Oliver Bonas, cadeia de loja de departamentos que vende roupas, jóias, artigos para casa e produtos de beleza, fundada por seu marido.
Embora colegas de governo, como o secretário de Transportes, Grant Shapps, tenham dito nesta manhã que o assunto é pessoal e o processo de seleção de Coladangelo seguiu todas as etapas normais do governo, Hancock está sob fogo do Partido Trabalhista, que pediu seu afastamento.
“Os ministros, como todos, têm direito à vida privada. No entanto, quando o dinheiro dos contribuintes está envolvido ou empregos estão sendo oferecidos, isso precisa ser investigado”, afirmou a sigla em comunicado.
A presidente do partido, Annaliese Dodds, também afirmou que manter um relacionamento em seu escritório com alguém que o próprio secretário nomeou e que é paga pelo contribuinte “é um flagrante abuso de poder e um claro conflito de interesses”. “Sua posição é irremediavelmente insustentável. Boris Johnson deveria despedi-lo”, disse a líder oposicionista.
De acordo com a assessoria do governo, Boris discutiu o assunto com Hancock na manhã desta sexta, aceitou o pedido de desculpas e considerou o assunto encerrado. Em seu comunicado, o secretário diz que pretende prosseguir no cargo: “Continuo focado em trabalhar para tirar o país desta pandemia e ficaria grato pela privacidade de minha família neste assunto pessoal” –ele é casado há 15 anos e tem três filhos.
Cath Haddon, analista sênior do centro de estudos Institute for Government, afirmou em rede social que uma fonte de potencial conflito de interesses seria o fato de que, pelas regras administrativas do Reino Unido, ministros são responsáveis pela conduta de assessores especiais que trabalham para eles —o que pode ser um problema se estiverem mantendo um relacionamento.
No The Sun, opositores também criticaram o fato de que o beijo fotografado ocorreu na mesma época em que a variante delta, mais contagiosa que a alfa, se espalhava pela Inglaterra. O número de novas infecções diárias por coronavírus mais que quintuplicou no Reino Unido desde meados de maio, passando de 30/1 milhão de habitantes para 165/1 milhão.
Outro relacionamento romântico provocou, no ano passado, a renúncia de um dos principais epidemiologistas do país, Neil Ferguson. Ele deixou seu cargo de conselheiro do governo para combate ao coronavírus após ser flagrado visitando uma namorada durante o confinamento. Na época, Hancock disse à imprensa britânica que regras contra o contágio precisavam ser seguidas por todos.
As restrições também foram desrespeitadas em 2020 pelo então mais próximo conselheiro de Boris, Dominic Cummings. Ele 400 km para levar a família até a casa dos sogros e voltar a Londres, duas semanas depois.
No final de maio, Cummings fez de Hancock o principal alvo de suas críticas à gestão britânica da crise do coronavírus, em depoimento ao Parlamento britânico.
Cummigs atribuiu ao secretário um “comportamento criminoso e vergonhoso, que causou sérios danos”. Entre os casos estão o fracasso na implantação de testes em massa no ano passado e a permissãode que pacientes não testados voltassem para asilos de idosos, agravando a contaminação.
“Matt Hancock mentiu em várias ocasiões, em reuniões do governo e publicamente”, afirmou Cummings em seu depoimento.

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