SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Turquia tem enfrentado os piores incêndios florestais de sua história, afirmou nesta quarta-feira (4) o presidente Recep Tayyip Erdogan, enquanto o fogo se espalha em uma estação de energia no sudeste do país após reduzir faixas da floresta costeira às cinzas.
Alimentadas por altas temperaturas e um vento forte e seco, as chamas forçaram milhares de pessoas, entre turcos e turistas estrangeiros, a deixarem casas e hotéis nas costas dos mares Egeu e Mediterrâneo -ao menos oito morreram desde a semana passada.
No sudoeste do país, o fogo atingiu uma usina movida a carvão nesta terça (3), afirmou Muhammet Tokat, prefeito da cidade de Milas, acrescentando que a planta foi evacuada. Mais cedo, ambientalistas alertaram para o impacto de o incêndio se espalhar para a unidade de armazenamento do local. “Gases prejudiciais podem se espalhar na atmosfera se o carvão queimar de forma descontrolada”, afirmou o ativista Deniz Gumusel.
Tanques com materiais inflamáveis que estavam na usina foram esvaziados como precaução, e valas foram cavadas para tentar evitar que as chamas se espalhem ainda mais, segundo a agência de notícias Demiroren.
Aviões da Espanha, Croácia, Rússia, Irã, Ucrânia e Azerbaijão, além de dezenas de helicópteros, se juntaram às equipes de emergência em terra para combater os incêndios. Os europeus enviaram equipes após o governo turco pedir reforços.
Ainda assim, Erdogan enfrenta críticas quanto à escala e à velocidade da resposta à crise. Partidos de oposição acusam a gestão de reduzir os recursos para combate a incêndios ao longo dos anos. Milhares de cidadãos também foram às redes sociais pedir a renúncia do presidente, além de acusarem uma preparação inadequada para lidar com a crise. O governo se defendeu dizendo que os esforços para conter o incêndio foram planejados e coordenados.
Mais de uma semana depois de os primeiros focos serem registrados, 16 ainda queimavam nesta quarta, de acordo com autoridades. Nas últimas duas semanas, os incêndios atingiram uma área três vezes maior que a média anual, afirmou a Agência de Bombeiros Europeia.
Outros países da região também têm sido atingidos por grandes incêndios, e a Comissão Europeia mobilizou esforços para ajudar no combate. Aviões, helicópteros e bombeiros serão enviados para Itália, Grécia, Albânia e Macedônia do Norte.
Na Grécia, a pior onda de calor em 30 anos provocou vários incêndios, incluindo um nos arredores da capital, Atenas, que obrigou à evacuação de 300 pessoas. Na ilha de Eubeia, a 200 km da capital, uma dezena de aldeias e um mosteiro foram cercados pelas chamas de um incêndio incontrolável no momento, de acordo com os bombeiros.
No país, dois aviões de combate a incêndios do Chipre estão prestando apoio, além de uma equipe de extinção de incêndios encarregada de reforçar as operações em terra, afirmou o Executivo europeu, em comunicado.
Duas aeronaves da França também foram destinadas às áreas afetadas na Itália, acrescenta o texto. Além disso, dois helicópteros destinados a apoiar as operações na Albânia serão disponibilizados pela República Tcheca e pela Holanda. Já a Eslovênia enviará uma equipe de 45 bombeiros para a Macedônia do Norte. A Suécia também anunciou o enviou de duas aeronaves.
A ajuda é articulada dentro do mecanismo de Defesa Civil da UE, e a Comissão Europeia cobre pelo menos 75% dos custos relacionados com os transportes. “Estamos trabalhando dia e noite para enviar ajuda, no momento em que os incêndios causam estragos na Europa”, disse o comissário europeu encarregado da gestão de crises, Janez Lenarcic, agradecendo aos países contribuintes.
“A Proteção Civil da União Europeia vela para que todas as nossas ferramentas de combate aos incêndios sejam usadas da melhor forma possível. Trata-se de um excelente exemplo da solidariedade da União Europeia em caso de necessidade.”
As chamas também têm atingido a costa oeste dos Estados Unidos e no Canadá, ao mesmo tempo em que chuvas fortes sem precedentes impactaram a Alemanha e a China.
De acordo com especialistas, o aumento das temperaturas em nível global decorrente da atividade humana gera um acúmulo de energia na atmosfera que se dissipa por meio de eventos climáticos extremos, que tendem a se tornar cada vez mais poderosos e mais frequentes.
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