SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Preso desde o ano passado por acusações de corrupção, o empresário colombiano Alex Saab, considerado próximo do ditador Nicolás Maduro, foi extraditado de Cabo Verde para os Estados Unidos neste sábado (16).
O governo em Caracas reagiu. Em comunicado oficial, denunciou o que chamou de “sequestro do diplomata venezuelano Alex Saab pelo governo dos Estados Unidos em cumplicidade com autoridades cabo-verdianas”. Saab também possui nacionalidade venezuelana e tem passaporte diplomático do país.
Além disso, o regime de Maduro anunciou que vai interromper o diálogo com a oposição do país, que estava previsto para ser retomado neste domingo (17) na Cidade do México. Saab havia sido nomeado membro da equipe do governo nas negociações com a oposição.
O empresário e seu sócio Álvaro Pulido são acusados nos Estados Unidos de dirigir uma rede que explorava um programa de distribuição de comida na Venezuela. Eles são acusados de transferir cerca de US$ 350 milhões para contas que controlavam nos Estados Unidos e em outros países, e podem ser condenados a até 20 anos de prisão.
O empresário virou réu em 2019 por lavagem de dinheiro em Miami, e foi preso durante uma escala de avião em Cabo Verde, na África, em junho de 2020.
Após a extradição feita neste sábado, forças de segurança da Venezuela levaram seis executivos ligados aos Estados Unidos (cinco cidadãos americanos naturalizados e um com residência permanente) que estavam em prisão domiciliar.
Presos desde 2017, os empresários do setor do petróleo foram condenados à prisão por corrupção no ano passado, em processos que o governo dos Estados Unidos acusa de serem recheados de irregularidades. Não está claro se eles serão mandados novamente para uma penitenciária.
“Meu pai não pode ser usado como moeda de troca”, disse Cristina Vadell, filha de Tomeu Vadell, um dos detidos. Ela afirmou estar preocupada com a saúde do pai pela situação da Covid no país.
O presidente colombiano, Iván Duque, escreveu no Twitter que a extradição de Saab “é uma vitória na luta contra o narcotráfico, a lavagem de dinheiro e a corrupção que propiciou a ditadura de Nicolás Maduro”. “A Colômbia apoiou e seguirá apoiando os Estados Unidos na investigação contra a rede criminosa transnacional liderada por Saab”, disse.
Cabo Verde concordou no mês passado em extraditar Saab para os Estados Unidos, apesar dos protestos da Venezuela. Os advogados de Saab afirmam que as denúncias dos EUA têm motivações políticas.
O maior receio do governo Maduro é que o empresário dê informações à justiça sobre rotas de dinheiro e esquemas de suborno, afirmam analistas.
Saab era “a principal figura do regime” de Nicolás Maduro, diz a ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega, que rompeu com o chavismo e fugiu do país. Ortega afirma que ela mesma já havia repassado as provas do caso a autoridades.
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