SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O embaixador da Itália na República Democrática do Congo, Luca Attanasio, 43, morreu nesta segunda-feira (22) após um ataque ao comboio do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, durante uma visita à região de Goma, segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores do país europeu.
As autoridades congolesas acusaram os rebeldes hutus de Ruanda. O presidente italiano, Sergio Mattarella, chamou de covarde a investida, e o chanceler Luigi Di Maio, que estava em Bruxelas, anunciou retorno imediato a Roma para acompanhar o caso.
O comboio do PMA se dirigia ao norte de Goma, principal cidade de Kivu do Norte, no leste do país, quando foi alvo de um ataque a tiros por desconhecidos por volta das 9h locais (6h em Brasília). Dois carros realizavam o transporte, sem escolta da Monusco, missão da ONU presente no país africano há 20 anos, segundo uma fonte da missão.
Segundo o programa das Nações Unidas, eles iriam visitar um programa alimentar em uma escola de Rutshuru. O PMA afirmou em comunicado que irá trabalhar com autoridades locais para descobrir os detalhes por trás da investida, já que a estrada havia sido liberada para viagens sem escolta.
Attanasio, no cargo desde outubro de 2019, morreu em consequência dos ferimentos, disse à agência de notícias AFP uma fonte diplomática em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Ele ficou gravemente ferido no abdômen e chegou a ser levado para o hospital em estado crítico.
Também morreram no ataque o motorista congolês do comboio, Mustapha Milambo, e o guarda-costas do embaixador, Vittorio Iacovacci. Outras quatro pessoas foram sequestradas. Uma já foi encontrada por soldados do Exército congolês, segundo um comunicado do Ministério do Interior do país africano. O ataque deixou ainda dois feridos, segundo o PMA.
De acordo com o texto, os militares tinham como alvo integrantes das Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR). “As Forças Armadas congolesas estão na região para encontrar os criminosos”, anunciou o Exército.
Perto do local do ataque estão os redutos das FDLR e das milícias hutu congolesas Nyatura. Rebeldes congoleses do grupo M-23 também atuam na área, de acordo com um especialista de Kivu.
As FDLR foram criadas no início dos anos 2000 por rebeldes hutus ruandeses, alguns dos quais participaram do genocídio dos tutsis de abril a julho de 1994 na vizinha Ruanda, antes de se refugiarem no leste da República Democrática do Congo.
O presidente do país, Felix Tshisekedi, condenou o que chamou de atentado terrorista, segundo seu porta-voz. Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estar chocado com o ataque e com as vidas perdidas. “A UE [União Europeia] estará ao lado da RDC e de seu povo pela segurança e pela paz”, escreveu no Twitter.
Attanasio é o segundo embaixador europeu em exercício a ser morto a tiros no país africano. O francês Philippe Bernard morreu durante distúrbios que levaram a saques em Kinshasa em janeiro de 1993.
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