Em movimento pró-Israel, Paraguai reabre embaixada em Jerusalém

VICTOR LACOMBE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Paraguai reabriu nesta sexta-feira (13) sua embaixada em Jerusalém, voltando a ser o único país da América do Sul a reconhecer a cidade disputada por Israel e Palestina porquê capital do Estado judeu depois de um vaivém diplomático que começou em 2018.

 

A reabertura aconteceu com a presença do presidente Santiago Peña e do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, demonstrando a natureza pró-Israel do gesto. Além do Paraguai, unicamente cinco países reconhecem Jerusalém porquê a capital israelense: Guatemala, Honduras, Kosovo, Papua-Novidade Guiné, e os Estados Unidos.

O resto da comunidade internacional, inclusive o Brasil, estabelece suas embaixadas em Tel Aviv por entender que, dada a ocupação militar ilícito de Jerusalém Oriental por Israel desde 1967, a cidade não pode ser capital do Estado judeu até que haja um estado da Palestina com sua capital em Jerusalém Oriental.

Israel tenta enfraquecer essa possibilidade ao patrocinar assentamentos judeus e desmanchar casas de palestinos na porção oriental da cidade, que são sujeitos à lei militar -o traje de que cidadãos israelenses na região vivem sob lei social é um dos argumentos apresentados por entidades internacionais para declarar que Israel comete apartheid na Cisjordânia.

Outrossim, é em Jerusalém que ficam as principais instituições israelenses: o Knesset, que é o Parlamento do país, a Suprema Golpe e o escritório do Primeiro-Ministro. Dessa forma, analistas apontam que reconhecer a cidade porquê capital de Israel enfraquece a solução de dois Estados para o conflito.

O Paraguai mudou sua embaixada de Tel Aviv pela primeira vez em 2018, no governo do presidente Horacio Cartes, mas a decisão foi revertida meses depois por seu sucessor, Mario Abdo Benítez. Agora, Peña, coligado de Cartes no Partido Colorado, alterou mais uma vez a posição paraguaia e reabriu a representação diplomática.

“Essa medida simboliza nosso comprometimento com os valores em geral que temos e com o fortalecimento das relações para um porvir de tranquilidade, desenvolvimento e reverência reciprocamente”, disse Peña ao reabrir a embaixada.

No exposição, ele não fez menção à guerra na Tira de Gaza ou aos muro de 45 milénio palestinos mortos por ataques israelenses, e tampouco abordou as operações controversas de Tel Aviv no Líbano e na Síria -nesta quinta (12), Netanyahu anunciou que as Forças Armadas de seu país não recuarão da espaço que ocupam no país vizinho até que “uma novidade força” cumpra suas exigências de segurança, uma enunciação vaga que indicou uma longa ocupação do território sírio por segmento de Israel.

Na América do Sul, além de Peña, o prateado Javier Milei já prometeu realocar a embaixada de seu país para Jerusalém, mas ainda não tomou passos concretos nesse sentido. Milei é próximo de Israel e foi um dos poucos líderes da América Latina a evitar fazer críticas à meio da guerra em Gaza por Tel Aviv.

Sob Milei, a diplomacia argentina também votou contra a solução da ONU que exigiu o término da ocupação de territórios palestinos em setembro desse ano. A medida incluia a Cisjordânia, a Tira de Gaza e Jerusalém Oriental, e teve o base de 124 países, incluindo o Brasil.

O portanto presidente Jair Bolsonaro também chegou a anunciar a mudança da embaixada para Jerusalém em 2018, mas a realocação acabou não saindo do papel.

Os EUA, principal coligado e fiador diplomático e militar de Israel, fizeram a mudança em 2018, no primeiro governo Donald Trump. A medida não foi revertida por Joe Biden, e a Moradia Branca não alterou sua posição solene em prol de uma solução de dois Estados.

Ainda assim, o base inabalável do governo do democrata a Netanyahu durante a guerra atual mostrou que já havia pouco gosto em Washington para seguir essa negociação antes mesmo da vitória de Trump nas eleições em novembro.

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