Com inflação nas alturas e crise econômica generalizada, os argentinos têm cada vez mais migrado seus investimentos para o mercado de criptomoedas.
Segundo uma estimativa divulgada pela corretora Ripio, os usuários ativos em plataformas cripto na Argentina chegaram a 5 milhões.
O número representa um aumento que varia de 3 a 8 milhões de clientes em apenas um ano, em um país com cerca de 45 milhões de habitantes.
O CEO da Ripio, Sebástian Serrano, disse em entrevista à CNN que essa migração se deve principalmente às restrições para compra de moeda estrangeira no país.
Ele explica que, historicamente, os argentinos costumam comprar dólares para se resguardar da inflação e da desvalorização da moeda, como uma espécie de poupança.
“Agora, eles fazem isso por meio das criptomoedas, especialmente as ‘stablecoins’, que são pareadas ao dólar americano”, afirma.
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Para aumentar ainda mais o número de clientes, corretoras de moedas digitais, como a Ripio, têm trabalhado para que as criptos se integrem ao sistema financeiro do país e possam ser oferecidas por fintechs e bancos a seus clientes.
Pedro Lapenta, diretor de pesquisa da gestora de criptoativos Hashdex, cita um relatório publicado no ano passado pela casa de análise “Americas Market Intelligence”, que estudou o interesse dos argentinos por ativos digitais.
“Um dado interessante é que 98% dos participantes da pesquisa responderam que conhecem ou já ouviram falar de ativos digitais. Isso é um número muito alto”, destaca.
A pesquisa também revelou que 71% dos entrevistados compra ativos digitais para investimentos, 67% para proteger da inflação e 46% para evitar controles do governo.
No entanto, Lapenta afirma que a legislação argentina ainda é vaga em relação aos criptoativos.
“No final de 2022, o governo anunciou a criação de um ‘Comitê Nacional de Blockchain’, para ativamente trabalhar na regulação do tema”, explica.
Criptos também são opção em outros países
O diretor da Hashdex destaca que as criptomoedas têm ganhado espaço em vários países do mundo com situação parecida com a da Argentina.
“Economia muito frágil, poucas reservas internacionais em moeda forte, altos índices de corrupção, inflação alta e população com dificuldade de acesso a investimentos que os proteja da inflação e acesso também a moedas mais fortes como o dólar. Em todos esses países, a gente tem visto aumento no interesse por ativos digitais”, afirma.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Em meio à crise, criptos ganham força na Argentina e se tornam nova “poupança”, mostra levantamento no site CNN Brasil.