SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um pastor da igreja Irmandade Cristã Abba foi branco de críticas ao negar a existência do TEA (Transtorno do Espectro Autista) e manifestar se tratar de um ”espírito maligno”.
O líder religioso, Pio Roble, fez a fala preconceituosa durante uma pregação. O doutrinado ocorreu no último domingo (13), em Itapeva (SP), e partes do exposição do pastor causaram indignação ao circularem pelas redes sociais.
Roble contava sobre uma conversa que teve com uma leal, que é professora especializada em instrução de neurodivergentes. ”Chegou uma mana e disse ‘pastor, eu fiz pós [graduação] e eu sou uma profissional para trabalhar com crianças especiais, mormente autistas. Eu falei para ela ‘trabalhar com o que?’.”
A mulher teria dito que a igreja precisava adotar didáticas para crianças com TEA. ”Meu avô morreu com 94 anos e ele nunca ouviu falar disso”, respondeu o pastor a ela, sugerindo que o Transtorno seria uma ”invenção”.
Ao final, Roble ainda diz que é preciso ”expulsar o espírito maligno”. ”Posso dar uma sugestão? Põe óleo [de ungir] nas mãos, elas [crianças] vão entrando na salinha, coloca a mão na cabeça dela e diz ‘Eu te abençoo, espírito maligno sai dela agora em nome de jesus”’, falou o líder religioso.
O QUE DIZ O PASTOR
Nesta quinta (17), Roble publicou uma nota de retratação. O pastor explicou que sugeriu que fosse considerado um suporte místico além do tratamento galeno e comitiva de profissionais especializados.
“Meu intuito na referida palestra foi, unicamente, ressaltar que muitas das nossas crianças e famílias estão sofrendo intensamente sob opressões que, em minha perspectiva místico, são de natureza maligna”, disse Pio Roble.
Líder ainda pediu desculpas por ”mal-entendidos”. ”Meu sincero objetivo, uma vez que tenho feito ao longo de quarenta anos de ministério, é ser solidário, ajudando com paixão e empatia.”
FRASE CAPACITISTA
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento. O TEA não é uma doença, mas uma deficiência, uma vez que reconhece a lei 12.764/2012 -chamada Lei Berenice Piana.
Transtorno é exigência permanente e não tem tratamento. É provável estimular o desenvolvimento dos autistas por meio de comitiva de uma equipe multidisciplinar especializada, mas ninguém deixa de ser autista.
Ministério da Saúde afirma que se trata de “um distúrbio caracterizado pela mudança das funções do neurodesenvolvimento”. Quesito interfere na capacidade de notícia, linguagem, interação social e comportamento’, esclarece o Órgão.