BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Secretários estaduais de saúde divulgaram uma carta nesta segunda-feira (1º) em que afirmam que o Brasil vive o “pior momento da crise sanitária” provocada pela Covid e pedem maior rigor em medidas para evitar um colapso em todo o país.
No documento, assinado pelo Conass, conselho que reúne os 27 gestores da área, o grupo aponta que o agravamento da pandemia em diversos estados “leva ao colapso de suas redes assistenciais públicas e privadas e ao risco iminente de se propagar a todas as regiões do Brasil.”
“Infelizmente, a baixa cobertura vacinal e a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro possa ser revertido em curto prazo”, apontam os gestores, que pedem então medidas para tentar evitar o colapso na rede de saúde.
Entre as ações recomendadas, estão maior rigor nas medidas de restrição das atividades não essenciais, “incluindo a restrição em nível máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação no número de casos e óbitos”.
Para isso, secretários recomendam que sejam vetados eventos, congressos e atividades religiosas em todo o país, suspensas aulas presenciais e adotado toque de recolher das 20h às 6h e fechada praias e bares, por exemplo.
O documento pede ainda que sejam “considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual”, além de adotadas medidas para reduzir a superlotação no transporte coletivo e ampliada a testagem de casos suspeitos.
O grupo também sugere que haja reconhecimento da situação de emergência, que deixou de valer em dezembro de 2020, e viabilizados mais recursos ao SUS. Em outro trecho, recomenda medidas para aumentar a compra de vacinas e implementação de planos nacionais de comunicação, para reforço de medidas de prevenção, e de recuperação econômica, “com retorno imediato do auxílio emergencial”.
“Entendemos que o conjunto de medidas propostas somente poderá ser executado pelos governadores e prefeitos se for estabelecido no Brasil um “Pacto Nacional pela Vida” que reúna todos os poderes, a sociedade civil, representantes da indústria e do comércio, das grandes instituições religiosas e acadêmicas do País, mediante explícita autorização e determinação legislativa do Congresso Nacional.”
Ainda no documento, o grupo diz que a “ausência de condução nacional unificada e coerente” dificultou a adoção de medidas para reduzir interações sociais, que aumentaram nos últimos meses.
“O relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial”, relatam.
A divulgação da carta ocorre em um momento em que governadores e secretários de Saúde têm pedido ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, uma medida única para o país para frear o avanço da Covid-19.
A resposta, porém, tem sido negativa, segundo mostrou o jornal Folha de S.Paulo nesta segunda (1º).
Na última quinta (25), o ministro chamou secretários de saúde para um pronunciamento sobre o agravamento da epidemia. No encontro, Pazuello chegou a citar três medidas prioritárias para lidar com a crise -como reforço ao atendimento imediato a pacientes com sintomas, aumento de leitos de UTI e reforço na vacinação-, mas evitou citar medidas simples e recomendadas por especialistas, como evitar aglomerações. O apelo coube aos gestores de saúde.
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