MARIA PAULA GIACOMELLI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Elizabeth Savala não tem grandes planos para leste sábado (23), quando comemora 70 anos. “Apesar de ser de sagitário, detesto sarau. É um trabalho horroroso para quem faz, tem que fazer sala para os convidados. Só é bom para quem vai”, diz a atriz em entrevista à Folha de S.Paulo por telefone, direto de um hospital no Rio onde seu marido, Camilo Attila, se recupera de uma infecção hospitalar.
Para ela, peculiar mesmo é reunir a família para uma comemoração simples, fazer as coisinhas do dia a dia. Caberia cá a tal felicidade que se acha em horinhas de negligência, uma vez que diria Guimarães Rosa.
Para esta data redonda, ela espera permanecer em lar com a presença de Camilo, dos quatro filhos (Tadeu, Cyro, Thiago e Diego Picchi, frutos do consórcio de 11 anos com o também ator Marcelo Picchi), noras e os cachorros da família.
A atriz comenta que um de seus planos é observar a qualquer filme -se verosímil, “Ainda Estou Cá”, que retrata a família do ex-deputado Rubens Paiva em seguida ser sequestrado, torturado e morto por militares do tropa brasílico. A produção anima brasileiros com uma verosímil indicação ao Oscar. Savala ainda não assistiu porque o marido está internado.
Longe da televisão desde que encerrou seu contrato fixo com a Mundo, em 2022, a atriz pôde ser revista por fãs de “Chocolate com Pimenta” (2003) no último ano, no quadro Vale A Pena Ver de Novo. A personagem dela é um dos marcos da curso da atriz, e ela afirma ainda hoje encontrar fãs da icônica Jezebel, uma vilã cômica.
Jezebel é má, muito má, muito pior que Odete Roitman, de ‘Vale Tudo’. Mas, uma vez que ela tinha humor, as pessoas gostavam. Ela era tipo uma Cruella [vilã da história da Disney 101 Dálmatas], terrível, mas ganhou empatia do público”, conta. Confira trechos da entrevista inferior.
PERGUNTA – Aproveitando o sucesso do filme ‘Ainda Estou Cá’, pode racontar uma vez que era a sua vida na quadra da ditadura?
ELIZABETH SAVALA – Eu estudava na escola de arte dramática da Universidade de São Paulo e nosso prédio ficava detrás da galera da sociologia. Todo dia sumia alguém de lá. Os soldados do tropa apagavam a luz do campus, logo tínhamos que observar às aulas com luz de lampião. Eles ficavam na porta das salas vigiando, éramos revistados para poder entrar.
Há pessoas que pedem uma mediação militar na política.
Não dá e não podemos olvidar esse período. Muitas coisas se perderam. Não tenho receio de me posicionar. Walter Salles [diretor de ‘Ainda Estou Aqui’] é uma pessoa iluminada. Não assisti ainda ao filme porque estou no hospital com meu marido, mas é fundamental, temos que ir ao cinema. A cada quatro anos deveria viver um filme desse para não esquecermos o que aconteceu.
P. – Quando você contou aos seus pais que queria ser atriz?
ES – Sempre tive dois sonhos da minha vida, que era ter uma família e ser atriz. Sou de São Paulo, e minha família tem uma gráfica na cidade fundada pelo meu pai. Trabalhei lá dos 12 anos 19 anos. Gostava da secção de vendas, me ajudou na vida e meu pai queria que eu ficasse na empresa. Mas atuava desde os 7 anos, fazia pequenas peças na escola.
P. – Uma vez que decidiu, logo, seguir na atuação?
ES – Eu tinha que ser atriz porque só sabia fazer isso, não tinha outra capacitação. Com 13 anos, assisti ao espetáculo “A Moreninha”, da Marília Pêra, e fiquei fascinada.
P. – Chocolate com Pimenta completou 20 anos esse ano, e seu papel uma vez que Jezebel é um dos marcantes na sua curso aos olhos do público. O que lembra da quadra?
ES – A personagem é muito cômica, mas muito pior que Odete Roitman, de “Vale Tudo”. Ela tinha humor e era terrível, uma espécie de Cruella, mas conquistou a empatia do público. Considero Walcyr Carrasco um grande romancista.
P. – Com 25 novelas na lista, tem alguma que considera ter sido um divisor de águas na sua curso?
ES – A primeira versão de “Gabriela”, de 1976. Foi um sucesso. Eu e o elenco fomos a Portugal promover a trama, e era uma loucura. Tínhamos que marchar com guarda-costas, era fotografada aonde fosse. Fizemos desfile em sege acessível, dando tchauzinho. Acho que as novelas são o maior resultado de exportação brasílico, somos muito respeitados.
P. – Desde que você rompeu seu contrato com a Mundo, não fez mais nenhuma romance. Foi bom?
ES – Achei libertador e positivo. É um momento de escolher trabalhos porque, estando contratada, você é obrigada a fazer os trabalhos. Agora me sinto mais livre e é maravilhoso poder escolher. Estou mais velha, tenho mais incertezas e é mais interessante. Não tendo certeza de zero, você faz mais balanço da vida. Fiquei muito tempo sem dormir, agora que estou dormindo. A gente fede para caramba, é muito suor e lágrimas. Sou de uma geração que as atrizes precisavam estar magras. Agora posso dormir, ir à panificação, fazer coisas de pessoas normais e faço participações afetivas.
P. – A emissora prepara uma prolongamento de “Eta Mundo Bom” para 2025. Vai participar?
ES – Estamos na tempo de reconversa e de negociar contratos, mas quero participar. Estreia em março. Gravei uma participação em “Dona Beja” também, da Max. Acho que o público de romance continua sendo de romance, que gosta de boas histórias. A TV ocasião ainda tem espaço na geração mais velha e deve ser mantida.
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