É hoje! Atlético-MG e Botafogo decidem Libertadores em final bilionária

Em 2021, o Botafogo era praticamente insolvente financeiramente e estava perto da falência. Passados três anos, o clube carioca se transformou em SAF (Sociedade Anônima do Futebol), foi comprado pelo magnata John Textor e está a 90 minutos de ser vencedor da Libertadores pela primeira vez em sua história. O competidor na decisão neste sábado, em Buenos Aires, é o Atlético Mineiro, outro que migrou do padrão associativo sem fins lucrativos para o empresarial. A esfera rola às 17h no Mâs Monumental.

 

 

Aprovada por meio de projeto de lei e em vigor desde agosto de 2021, a Lei da SAF permite que um clube se estruture uma vez que empresa e tenha proprietário. O padrão é adotado, geralmente, com o pensamento de salvar as agremiações de graves crises financeiras e torná-las competitivas, liberando a renegociação de dívidas.

 

Antes à margem da falência, o Botafogo hoje está a um passo da glória graças ao logo incógnito magnata americano, que comprou 90% das ações do clube e se comprometeu a investir ao menos R$ 400 milhões. No ano anterior à venda, o time disputava a Série B.

 

“No Botafogo, ressuscitamos um clube histórico da falência na 2ª ramificação para lutar por campeonatos no topo da Série A”, disse o empresário quando anunciou o libido de vender sua participação no Crystal Palace, da Inglaterra.

 

Ele é proprietário da Eagle Football Holdings, um conglomerado de clubes a nível mundial que conta com participações majoritárias, além do Botafogo, no Lyon, da França, RWD Molenbeek, da Bélgica, e uma participação minoritária no Crystal Palace, da Inglaterra.

 

O empresário fez do Botafogo o caso esportivo de maior sucesso das SAFs no Brasil, ainda que o trabalho não tenha sido coroado com um título por enquanto. Foi o único dos clubes do qual é proprietário que prosperou.

 

Foi montado um elenco competitivo com alguns atletas pouco conhecidos e estrelas uma vez que Thiago Almada e Luiz Henrique, as duas mais caras contratações da história do futebol brasílio. O meia prateado custou R$ 137,4 milhões e o atacante brasílio, R$ 106,6 milhões.

 

Segundo o relatório da consultoria Convocados, o Botafogo apresentou receita de R$ 355 milhões em 2023, com gastos em R$ 444 milhões. Em 2024, a SAF alvinegra investiu R$ 373,2 milhões somando as duas janelas de transferências.

 

“O torcedor queria mudança. E não mudança cultural, isso é inalterável, numa história de um clube que tem 100 anos, mas mudança de comportamento. Nosso torcedor precisava de uma injeção de ânimo, de uma forma dissemelhante de ver o clube, de sentir o clube. E a gente está entregando isso para eles”, acredita Thairo Arruda, CEO do Botafogo. Braço recta de Textor, foi ele um dos responsáveis por convencer o americano a investir na clube.

 

“Essa mudança comportamental do clube foi importante para nosso desenvolvimento. Foram 30 anos horríveis no clube. O torcedor tem um sentimento ruim, de angústia, eles querem mudança, querem coisas novas. Não é mudar a marca, mas moldar a história de forma mais positiva verosímil”, considera o executivo.

 

O Atlético Mineiro alterou seu padrão administrativo em julho do ano pretérito, quando vendeu 75% das ações por R$ 913 milhões ao Galo Holding, conglomerado formado pelos 4Rs – Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador. O Meio de Treinamento e a Redondel MRV foram transferidos para a SAF. Os quatro investidores, que participam da governo atual do Atlético-MG, fizeram um aporte inicial de R$ 600 milhões e se comprometeram a assumir 100% das dívidas, o que deixou a associação, que detém 25% das ações, sem déficit.

 

No início do ano, o Recomendação Deliberativo do Atlético aprovou o aumento de capital, com mais R$ 200 milhões, aplicados 100% pelo FIP Galo Poderoso, que já detinha participação na sociedade. O novo aporte fez com que o capital social totalidade da SAF aumentasse para R$ 1,422 bilhão. Rubens Menin, espargido empresário proprietário de um conglomerado de empresas em diferentes setores, é o acionista majoritário e quem mais se destaca. Para ele, a SAF atleticana “está um pouco avante das outras” porque combina gestão do futebol com gestão empresarial.

 

“Independentemente da conquista da Libertadores, o padrão de gestão adotado com a SAF terá perpetuidade e será permanentemente aperfeiçoado. É um caminho sem volta, que vem sendo traçado com planejamento e desvelo”, diz ao Estadão Bruno Muzzi, CEO da SAF atleticana. “Evidente que um clube estruturado fora de campo tem mais chances de invadir títulos, mas os resultados esportivos não dependem somente dessa organização administrativa.”

 

O elenco do Atlético, antes da transformação em SAF, já era estrelado, com Hulk, Guilherme Arana e Paulinho. Neste ano, foi reforçado com a repatriação de figuras importantes, casos de Gustavo Scarpa e Bernard, os dois meia-atacantes que vieram do futebol heleno.

 

Muzzi crê ser verosímil que o Atlético se coloque uma vez que uma das principais potências no continente. “O clube já vem disputando os principais títulos nacionais e internacionais nos últimos anos. Na medida em que as coisas caminham muito fora das quatro linhas, a tendência é que isso reflita dentro de campo.”

 

E O FAIR PLAY FINANCEIRO?

Há queixas, porém, por partes de cartolas de clubes que se mantêm no padrão associativo. Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, time mais rico do País, reclama com frequência e diz que é urgente a implementação de um Fair Play Financeiro no futebol brasílio, em referência às despesas do Botafogo, superiores à arrecadação. Leila Pereira, reeleita presidente do Palmeiras, ofídio a mesma medida.

 

As queixas fizeram Thairo Arruda responder a Landim com uma semelhança sobre financiamento imobiliário e reconheceu que as reclamações são resultado da ida agressiva do Botafogo ao mercado.

 

“Imagina um profissional que ganha R$ 20 milénio por mês. Porquê ele vai comprar um apartamento de 500 milénio reais? Ele paga à vista uma secção e financia o resto. Daqui a três quatro anos eu proveito 30 milénio, posso vender o apartamento e comprar um melhor”, iniciou a explicação.

 

“Isso é o que fazemos no Botafogo. O Botafogo ganha 400 milhões e não pode gastar 600 milhões? Existe financiamento pra isso, para honrar os compromissos e ter fluxo de pagamento”, argumentou o braço recta de Textor. Na visão de Arruda, a forma correta de instituir o fair play financeiro é controlar o pagamento. “Não precisa controlar o quanto pode gastar, mas sim a capacidade de remunerar os compromissos assumidos.”

 

O Atlético, diz Muzzi, desenhou o Galo 2030, projeto que prevê times competitivos que disputem títulos e, ao mesmo tempo, um clube que se mantenha saudável financeiramente. “Há vários exemplos de clubes que gastaram muito mais do que arrecadaram para buscar o sucesso esportivo e que, em limitado espaço de tempo, tiveram muitos problemas. Não há mais espaço para gestões não profissionais no futebol porque a conta sempre chega”, afirma o CEO atleticano.

 

FICHA TÉCNICA

 

ATLÉTICO-MG X BOTAFOGO

 

ATLÉTICO-MG – Everson; Lyanco, Battaglia, Alonso; Fausto Vera, Alan Franco, Scarpa e Arana; Paulinho, Hulk e Deyverson. Técnico: Gabriel Milito.

 

BOTAFOGO – John; Vitinho, Adryelson, Barboza e Alex Telles; Gregore, Marlon Freitas e Thiago Almada; Luiz Henrique, Savarino e Igor Jesus. Técnico: Artur Jorge.

 

ÁRBITRO – Palavroso Tello (Argentina).

 

HORÁRIO – 17h (de Brasília).

 

LOCAL – Mâs Monumental, em Buenos Aires, na Argentina.

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