SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador João Doria (PSDB) considera anunciar medidas mais rígidas para conter o avanço da pandemia no estado de São Paulo. Até mesmo a restrição de horário para comércios essenciais, como supermercados e farmácias, é analisada.
As novas medidas devem ser definidas durante reunião nesta quarta-feira (10), antes da entrevista coletiva em seguida.
O governo rejeita um novo faseamento dentro do Plano São Paulo, que tem hoje a fase vermelha como a mais rígida de cinco.
Diante do aumento da pressão por leitos em UTI e o número crescente de óbitos, o Centro de Contingência analisa restringir o horário de funcionamento de supermercados, açougues e padarias. São serviços essenciais que, atualmente, podem receber clientes livremente, seguindo os protocolos de segurança.
O governo também deve anunciar a suspensão do Campeonato Paulista, após recomendação do procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo. Também recomendou que sejam suspensas as atividades religiosas coletivas presenciais.
Não há previsão de alteração no funcionamento das escolas públicas e particulares, que continuam abertas mesmo na fase vermelha por terem sido classificadas como serviços essenciais, podendo atender até 35% dos alunos.
No entanto, nesta terça, uma decisão do Tribunal de Justiça determinou que professores e outros servidores não podem ser convocados para atividades letivas presenciais. O governo estadual deve recorrer da sentença para que as atividades educacionais não sejam interrompidas.
Há ao menos duas semanas, os técnicos do Centro de Contingência pressionam por medidas mais restritivas no estado, mais próximas a um lockdown -quando só se pode circular para tarefas urgentes, como comprar comida ou remédios.
Nesta terça, 19 hospitais estaduais paulistas atingiram 100% da ocupação de leitos de UTI para Covid-19, e outros seis estão com taxas superiores a 95% de ocupação e estão perto de saturar.
São Paulo foi o estado com maior número de mortes registradas nesta terça e bateu recorde de óbitos, 517 (antes, no dia 29 de julho de 2020 o estado tinha registrado 713 óbitos, mas tratava-se da soma do dia em questão e do anterior, quando ocorreu um problema técnico com os registros).
Com isso, São Paulo chegou a 62.101 mortes pela doença em um ano de pandemia.
O estado também atingiu nesta terça a maior taxa de ocupação dos leitos de UTI, com 82% deles ocupados.
A equipe do Centro de Contingência avalia ser urgente adotar medidas mais restritivas já que o estado não consegue abrir novos leitos de UTI na velocidade em que têm sido demandados nesta nova onda da pandemia.
Nesta semana, foram, em média, cerca de 120 pedidos por dia em leitos de UTI. Para tentar contornar a situação, o governo estadual anunciou a abertura de 780 novos leitos com instalação prevista até o fim de março, sendo 479 de UTI. Outros 11 hospitais de campanha estão previstos para reforçar os quatro já existentes.
Apesar da ampliação de leitos e de municípios terem cancelados cirurgias eletivas, o próprio governo admite que a estrutura atual não tem acompanhado a demanda.
Nesta terça, a Prefeitura de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, informou que 11 pessoas morreram no município a espera de leitos de UTI. Há ainda uma fila com 12 pacientes esperando por transferência.
A Secretaria Estadual de Saúde diz que os pacientes morreram porque tinham quadro clínico muito grave e não pela ausência de medidas do estado.
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