Dólar tem sessão volátil, com pressão externa e leilão extraordinário do BC; Bolsa oscila

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta subida volatilidade nesta segunda-feira (30), última sessão do ano.

 

De uma ponta, há pressão vinda do exterior. A postura dos investidores é de cautela diante das incertezas sobre o novo governo Donald Trump nos Estados Unidos e sobre a política monetária do Fed (Federalista Reserve, o banco meão norte-americano) no próximo ano.

De outra, a demanda interna por dólares levou o BC (Banco Médio) a realizar mais um leilão à vista por volta das 14h, o que conteve a subida da moeda.

O dia também suplente a formação da taxa Ptax, o que pode juntar mais volatilidade às negociações. Calculada com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax é uma taxa de câmbio que serve de referência para a liquidação de contratos futuros e é determinada no último dia útil de cada mês.

Às 15h04, a moeda norte-americana caía 0,15%, cotada a R$ 6,181, depois de atingir a mínima de R$ 6,153 pela manhã e a máxima de R$ 6,243 no início da tarde.

Já a Bolsa oscilava entre os sinais e tinha ligeiro variação positiva de 0,04%, aos 120.320 pontos.

O BC aceitou 14 propostas no valor totalidade de US$ 1,815 bilhão no leilão desta segunda, tendo R$ 6,174 uma vez que taxa de namoro. Com a novidade mediação no câmbio, a domínio monetária já injetou mais de US$ 32,6 bilhões no mercado desde o último dia 12 -o maior valor já registrado em um mês.

A venda vem para atender às demandas de liquidez do mercado cambial brasílio. Essa modalidade de leilão funciona uma vez que uma injeção de dólares no mercado à vista, atenuando disfuncionalidades nas negociações e, consequentemente, diminuindo a cotação da moeda.

No exterior, o índice DXY, que mede a força do dólar em relação a seis outras moedas fortes, subia 0,10%.

A valorização do dólar acompanha a dos rendimentos dos treasuries, os títulos ligados ao Tesouro dos Estados Unidos. Alguns analistas esperam que a política de Trump na economia seja inflacionária, o que pode forçar o Fed (Federalista Reserve, o banco meão dos EUA) a manter os juros altos.

A domínio monetária já deu sinais de que o atual ciclo de cortes não se prolongará por muito mais tempo. “Na última reunião, o Fed fez o namoro esperado pelo mercado, mas adotou um tom mais duro diante do risco de uma inflação persistentemente subida em 2025”, diz Henrique Cavalcante, crítico da Empiricus Research.

“O governo potencialmente mais inflacionário de Trump também inspira aversão ao risco, o que está incorporado nas Bolsas dos EUA.”

Quando há incerteza no mercado, é geral que os operadores procurem por ativos de menor risco, uma vez que os treasuries e o dólar, já que a economia dos Estados Unidos é considerada a mais segura do planeta.

Isso leva à fuga de capital de mercados emergentes e acionários. No câmbio global, o dólar avançava 0,98% contra o peso mexicano e 0,51% contra o rand sul-africano, moedas consideradas semelhantes ao real.

Já os principais índices de Wall Street tinham possante queda. O Dow Jones caía 1,48%, a 42.357,92 pontos. O S&P 500 perdia 1,52%, a 5.880,28 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 1,67%, a 19.393,26 pontos.
Internamente, os investidores também analisam projeções para o próximo ano.

De congraçamento com a última edição de 2024 do boletim Focus, divulgada nesta segunda pelo BC (Banco Médio), a previsão é que o dólar feche o próximo ano em R$ 5,96, diante de R$ 5,90 da semana anterior.

É a nona semana seguida em que os economistas consultados pela domínio monetária elevam as projeções.

O real caminha para fechar 2024 uma vez que uma das moedas que mais se desvalorizaram no mundo. Além da pressão externa, com Fed e o novo governo Trump, o ano foi marcado pelo acirramento das preocupações do mercado com o cenário fiscal brasílio. No amontoado do ano, a mote norte-americana subiu 27,5% diante de a brasileira.

Investidores têm se mostrado cada vez mais receosos com o compromisso do governo em lastrar as contas públicas, particularmente depois do proclamação duplo pelo Executivo no termo de novembro de um pacote de contenção de gastos e de um projeto de reforma do Imposto de Renda.

Apesar de os três projetos que compõem o pacote terem sido aprovados pelo Congresso neste mês e de o debate sobre mudanças no IR ter sido prorrogado para 2025, agentes financeiros ainda questionam a efetividade das medidas na contenção das despesas e duvidam da mandamento do governo em reduzir a dívida pública.

“A moeda brasileira vem se desvalorizando até o presente momento e grande secção é oriunda da volatilidade vista no segundo semestre do ano, causada pela grande incerteza fiscal e política que o Brasil vem atravessando, além da ampliação das expectativas inflacionárias”, disse Marcio Riauba, director da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

Aliás, as medidas do pacote foram desidratadas na tramitação no Congresso Vernáculo, reduzindo a economia inicialmente prevista em R$ 70 bilhões pelo Ministério da Quinta nos próximos dois anos.

O time de estudo da XP calcula que R$ 8 bilhões deixarão de ser poupados. No longo prazo, o prejuízo das mudanças dos parlamentares é ainda mais preocupante. Com as medidas originais, a XP esperava uma economia de murado de R$ 294 bilhões até 2030, e agora esse valor teve uma redução de R$ 62 bilhões, para R$ 232 bilhões.

As mudanças que mais prejudicaram o resultado final, segundo o crítico da XP Tiago Sbardelotto foram as reduções nos critérios exigidos para o BPC (Favor de Prestação Continuada), a desistência de mudar os repasses para o FCDF (Fundo Constitucional do Província Federalista) e o retardamento do comando para um limite aos supersalários na governo pública.

Outro ponto importante modificado pelo Congresso foi a blindagem feita pelos parlamentares de emendas obrigatórias contra bloqueios no Orçamento federalista.

“Com isso, o resultado exclusivamente reforçou a visão [que já tínhamos] de que se tratava de um tímido pacote de mudanças, que não trata das questões mais importantes do Orçamento federalista (uma vez que a indexação dos benefícios) e que servirão somente para manter o limite de gastos por mais dois ou três anos”, diz o crítico no relatório.

Por isso, a expectativa do mercado é por mais medidas de ajuste fiscal no próximo ano. “Agora os olhos vão se voltar para quais vão ser as medidas de política monetária e econômica do ano que vem”, diz Matheus Massote, sócio da One Investimentos.